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A SALA DE AULA COMO ESPAÇO DE COMUNICAÇÃO: …

A sala de aula como espa o de comunica o: reflex es em torno do tema* _____ Pedro Geraldo Novelli1 NOVELI, P. The classroom as a space for communication: reflections on the theme. Interface Comunica o, Sa de, Educa o, , , 1997. The classroom is the subject of these reflections. It is both a space and a social moment that deserves some consideration. It is a space that allows the building up of a specific relationship between teacher and pupil. We intend to look at this relationship through the lenses of dialectic and obtain contributions for the educational practice. KEY WORDS: Teaching; interpersonal relations; communication; students. Este artigo procura considerar a sala de aula enquanto espa o f sico e social.

PEDRO GERALDO NOVELLI Uma sala é inicialmente um espaço que pode ou não ser ocupado.Quando se trata da sala de aula, o espaço deve necessariamente ser ocupado. Isso se deve ao fato de que a sala de aula é um espaço socialmente instituído.

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1 A sala de aula como espa o de comunica o: reflex es em torno do tema* _____ Pedro Geraldo Novelli1 NOVELI, P. The classroom as a space for communication: reflections on the theme. Interface Comunica o, Sa de, Educa o, , , 1997. The classroom is the subject of these reflections. It is both a space and a social moment that deserves some consideration. It is a space that allows the building up of a specific relationship between teacher and pupil. We intend to look at this relationship through the lenses of dialectic and obtain contributions for the educational practice. KEY WORDS: Teaching; interpersonal relations; communication; students. Este artigo procura considerar a sala de aula enquanto espa o f sico e social.

2 Essa espacialidade possui algumas especificidades que a caracterizam como momento pol tico e social. Contudo, a caracter stica principal da sala de aula est na rela o que ela estabelece entre os seus freq entadores. Aqui tenta-se investigar a rela o professor/aluno pela tica da dial tica e obter as poss veis contribui es para a pr tica pedag gica. PALAVRAS-CHAVE: Ensino; rela es interpessoais; comunica o; estudantes. * Texto apresentado em mesa-redonda sobre Comunica o , organizada pelas disciplinas de Pedagogia M dica e Did tica Especial dos Cursos de P s-gradua o da Faculdade de Medicina da UNESP, campus de Botucatu, em setembro de 1996. 1 Professor do Departamento de Educa o do Instituto de Bioci ncias IB /UNESP, campus de Botucatu.

3 Agosto, 1997 43 PEDRO GERALDO NOVELLI Uma sala inicialmente um espa o que pode ou n o ser ocupado. Quando se trata da sala de aula, o espa o deve necessariamente ser ocupado. Isso se deve ao fato de que a sala de aula um espa o socialmente institu do. um espa o historicamente conquistado e constru do. Apesar de ser um espa o social, o acesso a ele n o se encontra plenamente garantido. Outros espa os demandam dos indiv duos uma presen a mais prolongada, sen o definitiva. Al m do mais, a ocupa o de um dado espa o implica tempo dispon vel para tanto. No entanto, poss vel haver espa o sem tempo para ocup -lo; e estar num espa o sem tempo para a estar como n o estar. De igual modo, pode haver tempo para estar sem, contudo, poder ocupar espa o algum.

4 Novamente o tempo se inefetiva, pois n o se situa. Dessa forma a sala de aula necessita da conjuga o entre o espa o e o tempo que a constituem. Um espa o onde estar, acontecer, ser, viver. A sala de aula, posta como um espa o, situa-se como uma alternativa para estar. A alternativa funda-se na distin o para com outras possibilidades. A sala de aula partilha a categoria da espacialidade com outros espa os, mas a forma de sua ocupa o cria a sua especificidade. Portanto, n o basta a exist ncia poss vel da sala de aula para que esta se torne sala de aula. Tal como um cen rio, ela n o basta para que um enredo todo se desenrole. Da sala de aula resta analisar o que lhe essencial, isto , o que sem o qual deixa de ser o que.

5 Precisamente a atividade desenvolvida em seu interior que a distingue de outros espa os. Ao mesmo tempo, a sala de aula pode ser deslocada para lugares os mais diversos poss veis, pois sua atividade essencial extrapola limites f sicos. Historicamente a sala de aula foi e tem sido localizada no per metro da escola. Dificilmente se consegue pensar em sala de aula separadamente da escola e vice-versa. A escola constitui-se o espa o social que procura garantir minimamente o tempo para sua ocupa o. Cabe lembrar que a palavra escola deriva do grego e significa lugar do cio. Os gregos antigos sabiam muito bem que a desocupa o proporcionava tempo e espa o para o saber e sua procura. Al m disso, a ociosidade, vista como aus ncia de um ve culo ocupacional permanente, cria a possibilidade do cio, isto , a reprodu o da vida.

6 Mesmo instintivamente, a vida uma complexa elabora o de elementos e possibilidades. Trata-se de um grande acontecimento. Talvez seja o acontecimento! Acontecer realizar, romper a mesmice, viabilizar a diferen a. A pr pria vida recupera-se enquanto distintiva em sua aniquila o pela morte. Assim ela desqualifica a imputa o de banalidade sobre si. Conforme diz Hegel em sua obra A Ci ncia da L gica (1968), o nada n o deve ser compreendido unicamente como um vazio, pois sendo algo, ou seja, o pr prio nada, j algo e, desse modo, participa do ser, das coisas que s o. Assim, o nada n o somente o 44 Interface Comunic, Sa de, Educ 1 A sala DE AULA COMO ESPA O DE COMUNICA O que n o , mas mesmo n o sendo tamb m.

7 Essa insatisfa o da vida responde pela sua insist ncia em existir. Obviamente, pode-se discutir que n o basta estar vivo, mas se faz necess rio precisar como se vive. Isso parece aludir para o fato de que a vida pode ser sempre mais do que e, ainda, que a vida resulta dos vivos. A vida faz e deixa-se fazer. Ora, por que tanta conversa sobre a vida se a sala de aula s vezes de matar? Ser de morte conduz ao acontecer e tamb m implica ser de vida, pois a pr pria morte depende do que ela parece destruir. (Engels, 1883) A sala de aula de morte por abrigar vidas e, se distintas, ambas correm perigo. Entre os parecidos, acontece somente o impercept vel, posto que se tem t o somente a univocidade. Formalmente, a sala de aula ocupada pelas figuras do professor e do aluno.

8 O encontro ou desencontro entre essas figuras confirma a diferen a como elo que os relaciona. Relacionar-se pela diferen a significa afirmar o outro, a alteridade. Afirmar o outro afirmar o pr prio eu, pois o reconhecimento do eu passa pelo reconhecimento do que distinto, diverso. A surpresa que o eu sente diante do outro , concomitantemente, a surpresa de si mesmo. Isso mais f cil de ser dito do que percebido porque o eu est sempre muito perto de si pr prio. O afastamento necess rio est no olhar dirigido ao outro. Mas, a admira o pelo outro, ou seja, este olhar para, tamb m acarreta um certo receio porque o outro sempre um desconhecido e, como tal, parece amea ador. O eu tem raz o em temer a amea a advinda do outro porque qualquer contato com este redundar numa altera o no eu.

9 Se isso n o ocorresse a amea a n o seria sentida e ter-se-ia t o-somente a redu o do outro ao eu. Por isso mesmo o eu se transtorna com o outro, pois ele destoa, n o se torna prolongamento imediato do eu. Lidar com o desconhecido extremamente desconfort vel por isso o eu empreende esfor os para entender o outro. Esse entendimento passa pelas categorias e refer ncias do pr prio eu. Ali s, a cr tica dirigida ao outro dirigida de fora. Parece que assim n o poderia deixar de ser, pois o encontro ocorre entre os que ocupam posi es distintas. Entender o outro exige o olhar desde a posi o desse outro e da o que se tem, por reciprocidade, a consci ncia da pr pria organiza o de entendimento. No entanto, deve-se perguntar, por que reconhecer o outro?

10 Da , caberem algumas quest es que talvez melhorem a primeira: a realidade un voca? Tudo sempre o mesmo? O movimento contingente? Como garantir-se sobre a veracidade do real sem referencial algum? Foucault diz em seu livro Vigiar e Punir (1980) que os olhos que s o feitos para ver n o v em e somente v em quando s o vistos. O pr prio pensar, a m nima considera o sobre a realidade, desdobra o eu num outro, numa distin o. Em outras palavras, a diferen a encontra-se na g nese do pr prio eu marcado, desde esse agosto, 1997 45 PEDRO GERALDO NOVELLI momento, pelo que o nega e contradiz. Isto viabiliza ao eu a identifica o da contradi o da alteridade, posto que, se a diferen a fosse plena, nenhum reconhecimento teria lugar.


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