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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA NO ENSINO DE LÍNGUA …

Campina Grande, REALIZE Editora, 2012 1 DIVERSIDADE LINGU STICA NO ENSINO DE L NGUA PORTUGUESA NA EDUCA O DO CAMPO Profa. Dra. Cinthya Torres de Melo (Universidade Federal de Pernambuco - NELFE - Campus do Agreste UFPE/CAA) Maria Sirleidy de Lima Cordeiro (Universidade Federal de Pernambuco- Campus do Agreste UFPE/CAA) Resumo A l ngua uma manifesta o identit ria dos sujeitos e que apresenta dimens es sociais, locais, territoriais e subjetivas muito particulares devendo ser respeitada em sua integridade, pois a l ngua usada por sujeitos sociais e pol ticos. Nesta perspectiva, esta pesquisa apresenta reflex es acerca da valoriza o das varia es lingu sticas enfatizando que a educa o lingu stica no Programa ProJovem Campo, p e em relevo a necessidade de que deve ser respeitado o saber lingu stico pr vio de cada sujeito, garantindo-lhe o respeito a sua identidade lingu stica no ato da intera o social sem, contudo, negar-lhe o direito de acesso variante padr o chamada de norma-padr o, e que deve ser ensina, tamb m, pelas escolas.

Campina Grande, REALIZE Editora, 2012 2 inserido nas vivências e contextos sócio-histórico-culturais dos discentes, em um vínculo indissociável entre respeito e identidade do povo do campo.

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1 Campina Grande, REALIZE Editora, 2012 1 DIVERSIDADE LINGU STICA NO ENSINO DE L NGUA PORTUGUESA NA EDUCA O DO CAMPO Profa. Dra. Cinthya Torres de Melo (Universidade Federal de Pernambuco - NELFE - Campus do Agreste UFPE/CAA) Maria Sirleidy de Lima Cordeiro (Universidade Federal de Pernambuco- Campus do Agreste UFPE/CAA) Resumo A l ngua uma manifesta o identit ria dos sujeitos e que apresenta dimens es sociais, locais, territoriais e subjetivas muito particulares devendo ser respeitada em sua integridade, pois a l ngua usada por sujeitos sociais e pol ticos. Nesta perspectiva, esta pesquisa apresenta reflex es acerca da valoriza o das varia es lingu sticas enfatizando que a educa o lingu stica no Programa ProJovem Campo, p e em relevo a necessidade de que deve ser respeitado o saber lingu stico pr vio de cada sujeito, garantindo-lhe o respeito a sua identidade lingu stica no ato da intera o social sem, contudo, negar-lhe o direito de acesso variante padr o chamada de norma-padr o, e que deve ser ensina, tamb m, pelas escolas.

2 A variante padr o n o a nica forma de definir a l ngua, pois esta viva, multicultural constitu da de interfer ncias externas e internas dos sujeitos e das situa es socialmente situadas. A abordagem qualitativa, tendo como fontes de informa o as educadoras de linguagem e c digos, os/as educandos/as do Projovem Campo e as observa es participantes nas aulas desta rea. A educa o em l ngua portuguesa, neste Programa, presta relevantes contribui es para a consci ncia axiol gica das variantes lingu sticas dos jovens e adultos camponeses, fortalecendo o respeito DIVERSIDADE lingu stica e contribuindo com a descontextualiza o do preconceito ling stico, muitas vezes proferido aos sujeitos campesinos. Palavras-chave: Educa o. DIVERSIDADE Lingu stica. Educa o do Campo. Introdu o Discorrer acerca da DIVERSIDADE lingu sticas no ENSINO da rea de Linguagem e seus C digos, no Programa ProJovem Campo - Saberes da Terra em Pernambuco, no Munic pio de Brejo da Madre de Deus, S tio A udinho, implica em considerar este estudo em uma perspectiva de constru o interativa, em que o ENSINO se encontra Campina Grande, REALIZE Editora, 2012 2 inserido nas viv ncias e contextos s cio-hist rico-culturais dos discentes, em um v nculo indissoci vel entre respeito e identidade do povo do campo.

3 Este trabalho, ora apresentado, uma maneira de ampliar os estudos que envolvem a educa o do campo e o ENSINO de l ngua portuguesa, ao mesmo tempo constitui-se em uma tentativa de oferecer possibilidades para uma reflex o mais heur stica e fenomenol gica, com subs dios te ricos e pr ticos, para o despertar de uma consci ncia educativa, em prol do fortalecimento das variantes lingu sticas dos jovens e adultos do campo, e consequentemente, do fortalecimento da identidade campesina, externando em suas falas um discurso condizente com as viv ncias. Revis o te rico-metodol gica Do ponto de vista te rico, este estudo foi realizado luz de autores como Luiz Ant nio Marcuschi (2004), Stella Maris Bortoni-Ricardo (2004) e Marcos Bagno (1999), entre outros. Os te ricos est o, essencialmente, relacionados Lingu stica Aplicada, Pragm tica, Lingu stica Textual e Sociolingu stica.

4 O ProJovem Campo-Saberes da Terra desenvolve uma pol tica que fortalece e amplia o acesso e a perman ncia de jovens e adultos agricultores/as familiares, situado na faixa et ria de 18 a 29 anos, como tamb m oferece Qualifica o Social e Profissional para agricultores/as Familiares. O Projeto foi pensado como forma de conseguir a interse o de a es entre o Governo e os movimentos sociais, um de seus objetivos permitir o fortalecimento da educa o do campo na esfera p blica a partir de experi ncias concretas dos movimentos sociais (BRASIL, 2005, p. 2). Partindo da proposta do Programa, este trabalho utiliza uma metodologia que acompanha e congrega as observa es de aula participativa analisadas. Minayo (1994, p. 21) salienta que a pesquisa qualitativa responde a quest es muito particulares, ou seja, ela trabalha com o Campina Grande, REALIZE Editora, 2012 3 universo dos significados, dos valores e das atitudes.

5 Por isso, importante afirmar que o objeto das ci ncias sociais essencialmente qualitativo (MINAYO 1994, p. 14). Neste sentido, o grande foco para a constru o deste trabalho foi a observa o, a an lise e os encontros com os/as educandos/as e educaores/as do Programa. Lage (2005, p. 198) afirma que a cada encontro preciso observar, al m das falas e dos sil ncios, os espa os, os atores, as atividades, a atmosfera do ambiente, os comportamentos e os sentimentos . Como instrumento de pesquisa foi utilizado a entrevista que se constitui-se como [..] o procedimento mais usual no trabalho de campo. Atrav s dela, o pesquisador busca obter informes contidos na fala dos atores sociais [..] Uma conversa com prop sitos bem definidos, podendo obter dados objetivos e subjetivos (MINAYO, 1994, p. 57). Neste trabalho tra ou-se este caminho para melhor evidenciar e tonar mais contundentes os resultados, pois a import ncia desses registros, acima apresentados, consiste no fato de ser um modo conciso de reunir todas as informa es e assegurar uma an lise cred vel dos dados, na medida em que essas informa es se constitu ram num arsenal de grandes aprendizagens e discursos preciosos para a constru o do estudo.

6 O ENSINO da DIVERSIDADE lingu stica, no Programa Projovem Campo Saberes da Terra-PE, parte da perspectiva de que a l ngua uma manifesta o identit ria dos sujeitos e apresenta dimens es sociais, locais, territoriais e subjetivas muito particulares devendo ser respeitada em sua integridade, pois a l ngua usada por sujeitos sociais e pol ticos. Discuss o A educa o lingu stica p e em relevo a necessidade de que deve ser respeitado o saber lingu stico pr vio de cada sujeito, garantindo-lhe o respeito a sua identidade Campina Grande, REALIZE Editora, 2012 4 lingu stica no ato da intera o social sem, contudo, negar-lhe o direito de acesso as outras variantes lingu sticas, principalmente variante padr o chamada de norma-padr o, e que deve ser ensinado, tamb m, pelas escolas. Os comportamentos lingu sticos da classe dita opressora e dominante , na perspectiva do ENSINO da varia o lingu stica e do respeito DIVERSIDADE lingu stica, n o devem ser considerados nem melhores nem piores no ENSINO de l ngua portuguesa, pois todas as variantes t m seu valor e seu lugar de uso da l ngua, al m de representarem a identidade social, hist rica, cultural e regional de cada sujeito (BAGNO, 1999).

7 Neste sentido, ensinar o respeito s variantes lingu sticas e aos seus usu rios ensinar que a l ngua ultrapassa as fronteiras das regras gramaticais, desvendando preconceitos estigmatizados na sociedade e abordando as diferen as dialetais, de classe social, de idade, de sexo, de varia o hist rica, de varia es de registro e ainda a necessidade de o falante utilizar mais de uma variante lingu stica dependendo dos contextos situacionais que se lhes apresentem. O ENSINO da DIVERSIDADE lingu stica, no Programa Projovem Campo Saberes da Terra-PE, p e em destaque uma postura pedag gica inclusiva ao unir as propostas dos eixos tem ticos do Projovem, voltados para o homem do campo, com a perspectiva de respeito aos fatores que causam varia o lingu stica. O direito ao ENSINO e ao reconhecimento dos fatores de varia o na l ngua corrobora para o fortalecimento da identidade lingu stica dos falantes do campo, consolidando uma a o de forma o educativa que respeita e assegura as peculiaridades ling sticas dos povos do campo.

8 O artigo 28 da Lei 9394/96 LDB afirma que: Art. 28. Na oferta de educa o b sica para a popula o rural, os sistemas de ENSINO promover o as adapta es necess rias sua adequa o s peculiaridades da vida rural e de cada regi o, especialmente: Campina Grande, REALIZE Editora, 2012 5 I - conte dos curriculares e metodologias apropriadas s reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; II - organiza o escolar pr pria, incluindo adequa o do calend rio escolar s fases do ciclo agr cola e s condi es clim ticas; III - adequa o natureza do trabalho na zona rural (BRASIL, Lei N 9394/96 de 20 de dezembro de 1996). A introdu o do art. 28 chama a aten o para o ENSINO b sico com respeito s peculiaridades da vida rural. A educa o lingu stica e variacionista precisa e deve achar o seu lugar nas peculiaridades do ENSINO e do uso da l ngua no campo.

9 Descontextualizar a ideia de que ensinar l ngua portuguesa ensinar apenas a gram tica e o uso da norma-padr o o primeiro passo para um ENSINO de l ngua com respeito aos aspectos sociais, territoriais, hist ricos, culturais, pol ticos e econ micos de seus falantes. O respeito DIVERSIDADE lingu stica se d quando os diversos usos da l ngua n o s o considerados nem melhores nem piores no ENSINO de l ngua portuguesa, pois todas as variantes ling sticas (padr o, coloquial, popular, jarg o, g ) t m o seu valor e o seu lugar de uso na l ngua, al m de representarem a identidade social, hist rica, cultural e regional de cada sujeito (BAGNO, 1999; BORTONI-RICARDO, 2004). Veja-se, agora, a estrutura do curr culo do Projovem. Campina Grande, REALIZE Editora, 2012 6 AGRICULTURA FAMILIAR E SUSTENTABILIDADEDESEVOLVIMENTO SUSTENT VEL E SOLID RIO COM ENFOQUE TERRITORIALCIDADANIA ORGANIZA O SOCIAL E POL TICAS P BLICASECONOMIA SOLID RIASISTEMAS DE PRODU O E PROCESSOS DE TRABALHO NO CAMPOAGRCULTURA FAMILIAR, EDTNIA, CULTURA, IDENTIDADE, G NERO E GERA OESTRUTURA DO CURR CULOMATEM TICALINGUAGENSCI NCIAS DA NATUREZACI NCIAS HUMANAS Figura 1.

10 BRASIL. Minist rio da Educa o. Secretaria de Educa o Continuada, Alfabetiza o. Cadernos pedag gicos do ProJovem Campo- Saberes da lia:MEC/SECAD,2008. No esquema do curr culo, v -se que o ENSINO de l ngua portuguesa n o pode e n o deve estar dissociado do ENSINO da DIVERSIDADE lingu stica. O respeito s variantes lingu sticas perpassa os 5 eixos tem ticos que est o interligados entre si e com o eixo articulador Agricultura familiar e Sustentabilidade. O reconhecimento de que preciso ensinar a linguagem padr o, mas, tamb m, os outros tipos de linguagem imprimem ao ENSINO da l ngua o entendimento de que a l ngua ultrapassa as fronteiras das regras gramaticais, desvendando preconceitos estigmatizados na sociedade e abordando as diferen as dialetais, de classe social, de idade, de sexo, de varia o hist rica, de varia es de registro e ainda a necessidade de Campina Grande, REALIZE Editora, 2012 7 os falantes utilizarem mais de uma variante lingu stica dependendo dos contextos situacionais que se lhes apresentem.


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