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ENSINO E HISTÓRIA: O USO DAS FONTES …

639 ENSINO E HIST RIA: O USO DAS FONTES HIST RICAS COMO FERRAMENTAS NA PRODU O DE CONHECIMENTO HIST RICO Erica da Silva Xavier Prof. Dra. Maria de F tima da Cunha (Orientadora) RESUMO O professor n o age apenas como um transmissor de conhecimento, mas como um mediador entre o objeto a ser apreendido e o aluno. Para tanto, o docente se vale de v rias ferramentas mediadoras que o auxiliam nesse processo, como um objeto da cultura material, uma visita a um museu, ou mesmo uma imagem ou m sica. Este artigo aborda a possibilidade de se pensar a utiliza o da can o enquanto documento hist rico durante as aulas, pois s o produ es culturais, carregadas de significados, tanto de forma impl cita, quanto explicita. As FONTES hist ricas ao serem remetidas no aux lio da produ o do conhecimento em hist ria, na pr tica de sala de aula, tornam-se ferramentas culturais.

640 INTRODUÇÃO Uma das temáticas pertinentes à discussão sobre ensino de história nas últimas décadas se refere ao uso de documentos históricos na

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1 639 ENSINO E HIST RIA: O USO DAS FONTES HIST RICAS COMO FERRAMENTAS NA PRODU O DE CONHECIMENTO HIST RICO Erica da Silva Xavier Prof. Dra. Maria de F tima da Cunha (Orientadora) RESUMO O professor n o age apenas como um transmissor de conhecimento, mas como um mediador entre o objeto a ser apreendido e o aluno. Para tanto, o docente se vale de v rias ferramentas mediadoras que o auxiliam nesse processo, como um objeto da cultura material, uma visita a um museu, ou mesmo uma imagem ou m sica. Este artigo aborda a possibilidade de se pensar a utiliza o da can o enquanto documento hist rico durante as aulas, pois s o produ es culturais, carregadas de significados, tanto de forma impl cita, quanto explicita. As FONTES hist ricas ao serem remetidas no aux lio da produ o do conhecimento em hist ria, na pr tica de sala de aula, tornam-se ferramentas culturais.

2 As FONTES hist ricas n o devem ser simplificadas a uma mera ilustra o de conte dos, uma vez que se traduzem em artefatos culturais repletos de intencionalidades. As FONTES devem assumir um papel fundamental de significa o na estrutura cognitiva do aluno: demonstrar as representa es que determinados grupos forjaram sobre a sociedade em que viviam como pensavam ou sentiam, como se estabeleceram no tempo e no espa o; como servir para que o aluno seja capaz de fazer diferencia es, abstra es que o permitam fazer a leitura das distintas temporalidades as quais estamos submetidos. PALAVRAS-CHAVE: ENSINO de Hist ria; ferramentas culturais; fonte hist rica. 640 INTRODU O Uma das tem ticas pertinentes discuss o sobre ENSINO de hist ria nas ltimas d cadas se refere ao uso de documentos hist ricos na pr tica de sala de aula e mais especificamente desde o fim do s culo XX at o momento, com vistas produ o do conhecimento em sala de aula.

3 Os pr prios Par metros Curriculares Nacionais (PCNs) apontam para a necessidade de demonstrar ao aluno de que forma a hist ria feita, fator que se refere diretamente a FONTES hist ricas. Neste sentindo Luiz Fernando Cerri e Angela Ribeiro Ferreira salientam que: [..] os questionamentos sobre o uso restrito e exclusivo de FONTES escritas conduziu a investiga o hist rica a levar em considera o o uso de outras FONTES documentais, aperfei oamento as v rias formas de registros produzidos. A comunica o entre os homens, al m de escrita, oral, gestual, figurada, m sica e r tmica (CERRI; FERREIRA, 2007, p. 72). Assim tem se tornado comum que alguns documentos como uma imagem, uma can o ou um objeto da cultura material apare am com certa freq ncia nos materiais did ticos e atrav s do professor na pr tica de sala de aula, como mediador na aprendizagem da hist ria.

4 Devemos considerar que o professor assume uma fun o mediadora na sala de aula, uma vez que ao ensinar hist ria n o reproduz o conhecimento, mas transmite sua pr pria representa o da hist ria sobre determinados conte dos. 641 Neste sentido, o professor atendendo a fun o cognitiva da aprendizagem do aluno pode transformar essas FONTES em ferramentas para demonstrar ao aluno de forma did tica que a hist ria feita de vest gios deixados pelos homens do passado e que se constituem no material com o qual o historiador vai utilizar para compreens o de como determinadas sociedades se estabeleceram em determinados tempos/espa os. O professor ao se utilizar da fonte hist rica n o a utiliza como os historiadores na academia, mas com o objetivo de levar o aluno a perceber como se constitui a hist ria, como os conte dos hist ricos se contextualizam com essa fonte.

5 A fonte torna-se ent o, uma ferramenta psicopedag gica324 que poder certamente auxiliar o professor na dif cil tarefa de estimula o do imagin rio do aluno na aprendizagem da hist ria. Para tanto, procuramos compreender como a fonte se estabelece para hist ria dos historiadores, e como esta se torna uma ferramenta interdisciplinar ao ser apropriada pelo ENSINO no processo de produ o de conhecimento hist rico em sala de aula. As FONTES hist ricas devem ir al m de meras ilustra es de conte dos. DA CONSTITUI O DO CONCEITO DE FONTE HIST RICA E SUA RELA O COM O ENSINO DE HIST RIA As FONTES hist ricas s o o material o qual os historiadores se apropriam por meio de abordagens espec ficas, m todos diferentes, t cnicas variadas para tecerem seus discursos hist ricos.

6 (PINSK, 2005, 324 Pedagogia baseada na psicologia cient fica da crian a. Neste trabalho privilegiamos a abordagem dada pelo te rico Lev Semenovich Vygotsky, ao estudar a atribui o de significados entre a linguagem e o pensamento. Ver: VYGOTSKY, Lev Semenovich. Pensamento e Linguagem. In: 642 ). Atualmente o conceito de fonte hist rica ampliou-se significativamente, entendendo-as como vest gios de diversas naturezas deixados por sociedades do passado. Entretanto, o historiador deve dominar m todos de interpreta o, entendendo que as FONTES devem ser criticadas e historicizada. Desde metade do s culo XIX quando a Hist ria se estabelece como disciplina acad mica, m todos rigorosos de an lises foram impostos, privilegiando o documento escrito e oficial, pautando-se na autenticidade do documento, tendo este como o relator da verdade , do fato hist rico em si.

7 Essa concep o est intimamente ligada escola met dica de preceitos positivistas, que acreditava que a compara o de documentos permitia reconstituir os acontecimentos do passado, desde que encadeados numa correla o explicativa de causas e consequ ncias (JANOTTI, 2005, ). Ap s 1930 com a contribui o da escola dos Analles, influenciados pelas teorias de karl Marx sobre a pretensa objetividade imparcial da hist ria e o materialismo hist rico, o fato descrito atrav s dos documentos oficiais deixa de ser visto como portador de uma verdade irrefut vel, uma vez que o fato hist rico deveria ser constru do pelo historiador a partir de uma conjun o entre o presente e o passado. Desta forma, o pr prio sentido dado ao documento tamb m se ampliou deixou de ser apenas o registro escrito e oficial e n o importava mais a veracidade do documento.

8 (SILVA, 2006, ). Segundo Silva, [..] a fonte hist rica passou a ser a constru o do historiador e suas perguntas, sem deixar de lado a cr tica documental, pois questionar o documento n o era apenas construir interpreta es sobre eles, mas tamb m conhecer sua origem, sua rela o 643 com a sociedade que o produziu. (SILVA, 2006, ) Influenciados pela historiografia dos Analles, os seguidores da Nova Hist ria na segunda metade do s culo XX abarcaram em seus estudos hist ricos as mais diversas FONTES como a literatura, as imagens ou a cultura material. Este fator modificou o conceito de FONTES hist ricas, entendendo-as como vest gios, registros do passado ligados diretamente aos estudos como o cotidiano, o imagin rio, a alimenta o, as tradi es, a cultura, etc.

9 No entanto, os documentos escritos n o perderam seu valor, mas passaram a ser reinterpretados partindo de t cnicas interdisciplinares. Na historiografia, uma obra que se destaca sobre a amplia o das FONTES para hist ria, assim como na sua interpreta o foi a de Jacques Le Goff e Pierre Nora (1974), as novas abordagens, nova problemas, novos objetos colocado em debate pela a colet nea com o mesmo t tulo, trouxe contribui es de v rios autores, com Paul Veyne, Michel de Certeau, entre outros, para pensar em uma hist ria do clima, da cozinha, o inconsciente, cinema, festas, o mito, etc. (JANOTTI, 2005, ). Para tanto, novos objetos se fizeram necess rios. Todos os tipos de vest gios inscritos no passado como um livro de receita, fotografias, cinema, m sicas, enfim uma s rie de elementos que auxiliariam o historiador na busca de compreender como se estabeleceram os homens do passado, qual significado tais objetos adquiram para estas sociedades, para os grupos que o forjaram e no que tange sua rela o com o presente.

10 644 A utiliza o das FONTES hist rica n o trata de buscar as origens ou a verdade de tal fato, trata-se de entender estas enquanto registro testemunhos dos atos hist ricos. a fonte do conhecimento hist rico, nela que se ap ia o conhecimento que se produz a respeito da hist ria. Elas indicam a base e o ponto de apoio, o reposit rio dos elementos que definem os fen menos cujas caracter sticas se buscam compreender. (SAVIANI, 2006, ) A discuss o sobre as FONTES neste trabalho, ainda que de uma maneira sintetizada, busca demonstrar qual o material que os historiadores utilizam ao fazer a hist ria. As FONTES hist ricas s o para os historiadores, aquilo que o permite moldar seu pensamento sobre a hist ria, seria o barro para o artes o, que forja entre seus dedos uma representa o do que ele pr prio est envolvido.


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