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Percurso Histórico dos Métodos de Alfabetização

Percurso Hist rico dos M todos de alfabetiza o CONTE DO E DID TICA DE alfabetiza OL. Onaide Schwartz Mendon a Faculdade de Ci ncias e Tecnologia Departamento de Educa o UNESP/ Presidente Prudente Resumo: A hist ria da alfabetiza o est dividida em quatro per odos. O primeiro teve in cio na Antiguidade e se estendeu at a Idade M dia. Durante esse tempo, o nico m todo existente foi o da soletra o. O segundo ocorreu durante os s culos XVI e XVIII e se estendeu at a d cada de 1960, sendo marcado pela rejei o ao m todo da soletra o e pela cria o de novos m todos sint ticos e anal ticos. Nessa poca, foram criadas as car- tilhas, amplamente utilizadas, cujos m todos ser o analisados luz da Lingu stica. O terceiro per odo iniciou-se em meados da d cada de 1980 com a divulga o da teoria da Psicog nese da l ngua escrita, ficou marcado pelo questionamento da necessidade de se associar os sinais gr ficos da escrita aos sons da fala para se aprender a escrever.

iconográficas. Analisando imagens da época, é possível observar textos miniaturizados que possibilitam o descobrimento do modo como se dava a alfabetização e o tipo de materiais que eram utilizados. Através dessas análises, descobriu-se que o processo de ensino ocorria em dois níveis: o do alfabeto e o dos primeiros textos.

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1 Percurso Hist rico dos M todos de alfabetiza o CONTE DO E DID TICA DE alfabetiza OL. Onaide Schwartz Mendon a Faculdade de Ci ncias e Tecnologia Departamento de Educa o UNESP/ Presidente Prudente Resumo: A hist ria da alfabetiza o est dividida em quatro per odos. O primeiro teve in cio na Antiguidade e se estendeu at a Idade M dia. Durante esse tempo, o nico m todo existente foi o da soletra o. O segundo ocorreu durante os s culos XVI e XVIII e se estendeu at a d cada de 1960, sendo marcado pela rejei o ao m todo da soletra o e pela cria o de novos m todos sint ticos e anal ticos. Nessa poca, foram criadas as car- tilhas, amplamente utilizadas, cujos m todos ser o analisados luz da Lingu stica. O terceiro per odo iniciou-se em meados da d cada de 1980 com a divulga o da teoria da Psicog nese da l ngua escrita, ficou marcado pelo questionamento da necessidade de se associar os sinais gr ficos da escrita aos sons da fala para se aprender a escrever.

2 Este per odo ser abordado no artigo Psicog nese da l ngua escrita: contribui es, equ vocos e conse- qu ncias para a alfabetiza o. Existe ainda o per odo atual (quarto per odo) aqui denominado de reinven o da alfabetiza o que surgiu em decorr ncia dos reiterados ndices indicadores do fracasso da alfabetiza o no Brasil. Este ltimo per odo discute a necessidade da organiza o do trabalho docente e a sistematiza o do en- sino para alfabetizar letrando, e ser desenvolvido no artigo A efici ncia do M todo Sociolingu stico: uma nova proposta de alfabetiza o. Palavras-chave: M todo socioling stico, Hist ria da alfabetiza o, M todos da alfabetiza o. 1 OS PRIMEIROS M TODOS DE alfabetiza O. Pelo conhecimento da hist ria dos m todos de alfabetiza o, podemos compreender os es- t gios pelos quais passou esse processo paralelamente s transforma es econ micas, sociais, pol ticas e educacionais.

3 Ara jo (1996) divide a hist ria da alfabetiza o em tr s grandes per odos, por m, em raz o de novos questionamentos, podemos acrescentar mais um, o atual, e subdividi-la, portanto, em quatro per odos, como veremos a seguir. Segundo Ara jo (1996), o primeiro inclui a Antiguidade e a Idade M dia, quando predomi- nou o m todo da soletra o; o segundo teve in cio pela rea o contra o m todo da soletra o, entre os s culos XVI e XVIII, e se estendeu at a d cada de 1960, caracterizando-se pela cria o de novos m todos sint ticos e anal ticos; e o terceiro per odo, marcado pelo questiona- mento e refuta o da necessidade de se associar os sinais gr ficos da escrita aos sons da fala para aprender a ler, iniciou em meados da d cada de 1980 com a divulga o da teoria da Psico- 23. g nese da l ngua escrita. Este per odo vem sendo questionado por desenvolver apenas a fun o social da escrita em detrimento dos conhecimentos espec ficos, indispens veis ao dom nio da leitura e da escrita, que ficam dilu dos no processo.

4 Este tema ser explicitado no texto Psico- g nese da l ngua escrita: contribui es, equ vocos e consequ ncias para a alfabetiza o. Assim, acrescentamos o quarto per odo, o da reinven o da alfabetiza o , que surgiu em CONTE DO E DID TICA DE alfabetiza OL. decorr ncia do fracasso da utiliza o de pr ticas equivocadas e inadequadas , derivadas de tentativas de aplica o da teoria construtivista alfabetiza o. Sabe-se, por meio de pesquisas institucionais que, hoje, no Brasil, apenas 15% dos alunos concluem a Educa o B sica saben- do ler e escrever (INSTITUTO PAULO MONTENEGRO, 2009). Deste modo, se o fracasso at meados da d cada de 1980, quando se usava cartilha era da ordem de 50% na 1 s rie, hoje, de 85% na 8 s rie. Nesse contexto, uma nova metodologia, fundamentada na sociolingu stica e na psicolingu stica, prop e a organiza o do trabalho docente e a sistematiza o da alfabeti- za o cujo objetivo o de alfabetizar letrando.

5 Sugere um trabalho que partindo da realidade do aluno desenvolva e valorize sua oralidade por meio do di logo, que trabalhe conte dos espec ficos da alfabetiza o e utilize estrat gias adequadas s hip teses dos n veis descritos na psicog nese da l ngua escrita. Recomenda, tamb m, a leitura de textos de qualidade, de diferentes g neros, interpreta o e produ o textual, estrat gias indispens veis ao desenvol- vimento de aspectos espec ficos da alfabetiza o aliados a sua fun o social. Este per odo, o atual, ser abordado no texto A efici ncia do M todo Sociolingu stico: uma nova proposta de alfabetiza o. Na Antiguidade (primeiro per odo), foi criado o alfabeto e o primeiro m todo de ensino: a soletra o, tamb m denominado alfab tico ou ABC. Conforme Marrou (1969), a alfabeti- za o ocorria por um processo lento e complexo. Iniciava-se pela aprendizagem das 24 letras do alfabeto grego e as crian as tinham que decorar os nomes das letras (alfa, beta, gama etc.)

6 , primeiro na ordem alfab tica, depois em sentido inverso. Somente depois de decorar os nomes que era apresentada a forma gr fica. A tarefa seguinte era associar o valor sonoro (antes me- morizado) respectiva representa o gr fica (escrita). As primeiras letras apresentadas eram as mai sculas, distribu das em colunas, depois vinham as min sculas. Quando os aprendizes haviam memorizado a associa o das letras s formas, processo semelhante era feito com as fam lias sil bicas, iniciando-se pelas s labas simples (beta-alfa = ba; beta = b ; beta eta =. b ), decoradas em ordem, at se esgotarem todas as possibilidades combinat rias. Mais tarde, vinha o estudo das s labas tril teras e assim por diante. Conclu do o estudo da s laba, vinham os monoss labos, depois os diss labos, triss labos e assim sucessivamente, como fazem as carti- lhas. Os primeiros textos apresentados vinham segmentados em s labas, depois eram apresen- tados em escrita normal, mas sem espa o entre as palavras e sem pontua o, fato que tornava a escrita mais complexa que a atual.

7 Segundo Plat o (MARROU, 1969, p. 248) atrav s desse m todo, quatro anos n o era demais para se aprender a ler. 24. A mesma sistem tica de progress o (letra, s laba, palavra, texto) era utilizada na Idade M - dia. Para Alexandre-Bidon (apud ARA JO, 1996, p. 7), para se estudar a alfabetiza o, na Idade M dia, h a necessidade de se buscar informa es em fontes escritas, arqueol gicas e iconogr ficas. analisando imagens da poca, poss vel observar textos miniaturizados que possibilitam o descobrimento do modo como se dava a alfabetiza o e o tipo de materiais que eram utilizados. Atrav s dessas an lises, descobriu-se que o processo de ensino ocorria em CONTE DO E DID TICA DE alfabetiza OL. dois n veis: o do alfabeto e o dos primeiros textos. Os textos usados tinham cunho religioso, todos escritos em latim. Ainda na Idade M dia, segundo a cartilha Civile Honestet des enfants (Paris, 1560), para ensinar a ler e a escrever devia-se apresentar quatro letras por dia, ou seja, a crian a aprenderia no primeiro dia as letras A, B, C, D, das quais surgiu a palavra abeced rio.

8 Mas, para Cossard, no s c. XVII, o recomendado seria que as letras fossem ensinadas de tr s em tr s, na forma tr plice. Em sua primeira aula, a crian a aprenderia somente o a (a. a. a.) e, a partir da segunda li o, aprenderia o Da adveio o termo abec . Conforme Ara jo, muitos eram os artif cios usados na Idade M dia para facilitar a aqui- si o da leitura s crian as. Verificando pe as de museu, foi poss vel encontrar suportes de textos utilizados, na poca, como alfabetos de couro, tecido e at mesmo em ouro. Havia tam- b m tabuletas de gesso ou madeira que continham o alfabeto entalhado. Esses objetos eram postos em contato com as crian as desde a mais tenra idade, pois os pais acreditavam que, quanto mais cedo entrassem em contato com o material escrito, mais f cil seria a aprendiza- gem e, aos poucos, iriam incorporando aqueles conhecimentos. As imagens da poca revelam crian as sendo amamentadas com a tabuleta do alfabeto pendurada ao bra o.

9 Acredita-se que as crian as das fam lias de baixo poder aquisitivo tamb m tinham acesso aprendizagem da leitura e da escrita. Havia ainda outras estrat gias usadas na alfabetiza o, como os alimentos. Na It lia, era comum servir bolos e doces com formatos de letras. Assim, ap s apresentarem o alimento com tal formato, ensinavam o seu nome e as crian as comiam. Desse modo, podemos conhecer a origem das atuais sopas de letrinhas. A partir do s culo XVI, pensadores come am a manifestar-se contra o m todo da soletra- o, em fun o da sua dificuldade. Na Alemanha, Valentin Ickelsamer apresenta um m todo com base no som das letras de palavras conhecidas pelos alunos. Na Fran a, Pascal reinventa o m todo da soletra o: em lugar de ensinar o nome das letras (efe, eme, ele etc.) ensinava o som (f , l , m ), na tentativa de facilitar a soletra o. Em 1719, Vallange cria o denominado m - todo f nico com o material chamado figuras simb licas , cujo objetivo era mostrar palavras acentuando o som que se queria representar.

10 Entretanto, o exagero na pron ncia do som das consoantes isoladas levou tal m todo ao fracasso. Apesar de o m todo f nico ter sido rejeitado j no s culo XVIII, hoje, alguns defensores tentam ressuscit -lo, alegando que s tal metodologia poder resolver o problema do fracasso escolar, no Brasil. analisando linguisticamente o m todo f nico, podemos afirmar que, na l n- 25. gua portuguesa, a menor unidade pronunci vel percept vel para o aprendiz a s laba, e n o o fonema, pois, embora tenha escrita alfab tica, na oralidade, o portugu s sil bico (MEN- DON A; MENDON A, 2007, p. 22). Para Dubois et al. (1973), fonema [..] a menor unidade destitu da de sentido pass vel de delimita o na cadeia da fala . definido ainda como unidade distintiva m nima e seu car ter CONTE DO E DID TICA DE alfabetiza OL. f nico acidental, ou seja, uma unidade vazia, desprovida de sentido, e o que diferenciar.


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