Example: barber

TENDÊNCIAS DOS ESTUDOS COM PLANTAS …

revista Sapi ncia: sociedade, saberes e pr ticas educacionais UEG/C mpus de Ipor , , n. 2, jul/dez 2014 ISSN 2238-3565 44 TEND NCIAS DOS ESTUDOS COM PLANTAS MEDICINAIS NO BRASIL Trends of studies for medicinal plants in Brazil Fernanda Melo Carneiro1 Maria Jos Pereira da Silva2 Leonardo Luiz Borges3 Lorena Carneiro Albernaz4 Joana Darc Pereira Costa5 Resumo As PLANTAS medicinais s o utilizadas pelo homem desde o in cio da hist ria e atualmente empregadas como recursos na medicina alternativa por grande parte da popula o mundial. Esse uso deve-se facilidade de acesso s PLANTAS em rela o aos medicamentos alop ticos. O objetivo deste trabalho foi, primariamente, desenvolver uma an lise cienciom trica sobre as tend ncias dos ESTUDOS com PLANTAS medicinais no Brasil, investigando se o n mero de trabalhos cresceu ao longo dos anos. Al m disso, identificamos as principais PLANTAS que s o estudadas pelo seu princ pio medicinal no Brasil.

Revista Sapiência: sociedade, saberes e práticas educacionais – UEG/Câmpus de Iporá, v.3, n. 2, p.44-75 – jul/dez 2014 – ISSN 2238-3565 44 TENDÊNCIAS DOS ESTUDOS COM PLANTAS MEDICINAIS NO

Tags:

  Revista

Information

Domain:

Source:

Link to this page:

Please notify us if you found a problem with this document:

Other abuse

Transcription of TENDÊNCIAS DOS ESTUDOS COM PLANTAS …

1 revista Sapi ncia: sociedade, saberes e pr ticas educacionais UEG/C mpus de Ipor , , n. 2, jul/dez 2014 ISSN 2238-3565 44 TEND NCIAS DOS ESTUDOS COM PLANTAS MEDICINAIS NO BRASIL Trends of studies for medicinal plants in Brazil Fernanda Melo Carneiro1 Maria Jos Pereira da Silva2 Leonardo Luiz Borges3 Lorena Carneiro Albernaz4 Joana Darc Pereira Costa5 Resumo As PLANTAS medicinais s o utilizadas pelo homem desde o in cio da hist ria e atualmente empregadas como recursos na medicina alternativa por grande parte da popula o mundial. Esse uso deve-se facilidade de acesso s PLANTAS em rela o aos medicamentos alop ticos. O objetivo deste trabalho foi, primariamente, desenvolver uma an lise cienciom trica sobre as tend ncias dos ESTUDOS com PLANTAS medicinais no Brasil, investigando se o n mero de trabalhos cresceu ao longo dos anos. Al m disso, identificamos as principais PLANTAS que s o estudadas pelo seu princ pio medicinal no Brasil.

2 Para a pesquisa foi empregada a base de dados Scielo, com artigos de 1995 a 2011, utilizando a palavra Planta Medicinal como palavra-chave. Foram avaliados 329 artigos, mas somente 265 foram compat veis pesquisa. Artigos que n o foram desenvolvidos no Brasil; que n o utilizaram o termo planta medicinal; ou n o citaram PLANTAS foram exclu dos das an lises. Em cada artigo selecionado foram coletadas as seguintes informa es: t tulo do artigo, quantidade de autores, institui es respons veis pelo estudo, local das institui es, ano de publica o, tipo de estudo (ex.: farmacol gico, agropecu rio e ecol gico) e as PLANTAS que foram estudadas. Por meio de an lises desses dados foi poss vel verificar as tend ncias dos ESTUDOS com PLANTAS medicinais no Brasil. Conforme esperado, a maior parte dos artigos avaliados est o voltados para a Farmacologia, com aplica o em diversas reas da sa de e em segundo lugar a Agropecu ria, devido ao interesse em desenvolver produtos a partir de PLANTAS para o controle de pragas.

3 Entretanto, verificou-se o emprego em outras reas, como a Bioqu mica, Bot nica, Ecologia, Gen tica/Molecular e Educa o que apesar de serem menos frequentes, s o essenciais, pois os ESTUDOS com PLANTAS medicinais requerem profissionais de m ltiplas reas. Al m da investiga o da medicina popular necess rios considerar aspectos como o isolamento, purifica o, caracteriza o dos princ pios ativos, investiga o farmacol gica de extratos, constituintes qu micos e transforma es qu micas. Dentre as PLANTAS que tiveram maior destaque nos ESTUDOS est a Hortel (Mentha piperita L), muito utilizada pela popula o devido a suas a es: verm fuga, antibacteriana e anti-inflamat ria. 1 N cleo de Educa o Ambiental e Pesquisa em Biologia NEAP-Bio, Universidade Estadual de Goi s (UEG), Unidade Universit ria de Ipor (UnU-Ipor ), Av. R2, Q1. s/n, Bairro jardim Novo Horizonte 2, CEP 76200-000, Ipor , GO, Brasil.

4 2 N cleo de Educa o Ambiental e Pesquisa em Biologia NEAP-Bio, Universidade Estadual de Goi s (UEG), Unidade Universit ria de Ipor (UnU-Ipor ). 3 Laborat rio de Pesquisa de Produtos Naturais (LPPN) - Faculdade de Farm cia - Universidade Federal de Goi s - UFG - - Goi nia-GO, Brasil. 4 Faculdade de Sa de, Universidade de Bras lia, Bras lia, Brasil. 5 Escola Estadual Evang lica conveniada Betel, Ipor , GO, Brasil. revista Sapi ncia: sociedade, saberes e pr ticas educacionais UEG/C mpus de Ipor , , n. 2, jul/dez 2014 ISSN 2238-3565 45 Palavras-chave: PLANTAS Medicinais. Medicina Alternativa. Revistas Brasileiras. Cienciometria. Levantamento Etnobot nico. Abstract Medicinal plants are used by humans since the beginning of the story and currently employed as resources in alternative medicine for much of the world's population. This use is due to the ease of access to plants compared to allopathic medicines.

5 The aim was primarily to develop an analysis of scientometric studies on trends in medicinal plants in Brazil, investigating whether the number of jobs has grown over the years. In addition, we investigated which plants were more studied in these studies. We analyzed the articles indexed in the Scielo database with the keyword Medicinal Plant from 1995 to 2011. From 329 articles evaluated, 265 were consistent with this research. The articles were not included for the following reasons: There were not developed in Brazil, they did not use the term medicinal plant or even did not mention plants. In each selected article were collected the following information: title of article, number of authors, research institution, year of publication, subject of study ( : pharmacological, agricultural and ecological) and plants that have been studied. As expected, most of the articles are focused on pharmacology, with applications in various areas of health and secondly Agricultural, due to interest in developing products from plants pest controls.

6 However, it was found employment in other areas such as Biochemistry, Botany, Ecology, Genetics / Molecular and Education. These studies were developed mostly by co-authoring, since plant medical science also involves the isolation, purification, characterization of active principles, pharmacological research extracts, chemical constituents and chemical transformations. Among the plants that were most prominent in the studies is Spearmint (Mentha piperita L), it is widely used by the population because of their actions: anthelmintic, antibacterial and anti-inflammatory. Key words: Medicinal Plants. Alternative Medicine. Brazilian Journals. Scientometrics. Ethnobotanical Survey. Introdu o As PLANTAS medicinais s o utilizadas pelo homem desde o in cio de sua hist ria e muito antes do surgimento da escrita a humanidade j utilizava ervas para fins medicinais (BARATA, 2005; TOSCANO RICO, 2011).

7 Atualmente, as PLANTAS medicinais s o utilizadas por grande parte da popula o mundial, como um recurso medicinal alternativo para o tratamento de diversas enfermidades, uma vez que em muitas comunidades, representam um recurso mais acess vel em rela o aos medicamentos alop ticos (BEVILACQUA, 2010). Planta Medicinal segundo a ANVISA toda planta ou partes dela que contenham as subst ncias ou classes de subst ncias respons veis pela a o terap utica (BRASIL, 2010). De acordo com a Organiza o Mundial de Sa de 80% da popula o mundial faz uso de algum tipo de erva medicinal (OMS, 1979). O uso dessas ervas feito na maioria das vezes por adultos e idosos que buscam complementar o tratamento de uma doen a cr nica e geralmente revista Sapi ncia: sociedade, saberes e pr ticas educacionais UEG/C mpus de Ipor , , n. 2, jul/dez 2014 ISSN 2238-3565 46 acreditam que as PLANTAS medicinais s o uma alternativa isenta de efeitos colaterais adversos (BRASIL, 2005).

8 Medicamentos fitoter picos, de acordo com a legisla o sanit ria brasileira, s o medicamentos obtidos exclusivamente de mat rias-primas vegetais (VIEIRA et al., 2010/ANVISA RDC). Os fitoter picos sempre se destacaram por representarem uma parcela significativa no mercado de medicamentos. Globalmente, o setor movimenta US$ 21,7 bilh es por ano. No entanto, n o existem no Brasil dados oficiais atualizados, embora, estima-se que esse mercado movimente cerca de US$ 160 milh es por ano. As vendas de fitoter picos internamente tem crescido 15% anuais, contra 4% das vendas dos medicamentos sint ticos. Em toda a cadeia produtiva, o setor de medicamentos fitoter picos movimenta anualmente em torno de R$ 1 bilh o (CARVALHO et al., 2008). O Brasil detentor da maior diversidade gen tica do mundo, com cerca de 55 mil esp cies catalogadas (de um total estimado entre 350 a 550 mil), e conta com ampla tradi o do uso das PLANTAS medicinais vinculada ao conhecimento popular transmitido entre gera es (FONSECA, 2012).

9 Apesar da riqueza da flora brasileira, nos ltimos 20 anos, o n mero de informa es sobre PLANTAS medicinais tem crescido apenas 8% anualmente (FONSECA, 2012). Embora n o se tenha muito investimento para pesquisas com PLANTAS medicinais, calcula-se que pelo menos metade das PLANTAS contenham subst ncias chamadas de princ pios ativos, as quais t m propriedades curativas e preventivas para muitas doen as (LORENZI e MATOS, 2002). A Ag ncia Nacional de Vigil ncia Sanit ria (ANVISA) regulamentou os fitoter picos no Brasil como medicamentos convencionais que precisam apresentar crit rios de qualidade, seguran a e efic cia, atrav s de levantamentos etno-farmacol gicos de utiliza o, documenta es tecno-cient ficas em ESTUDOS farmacol gicos e toxicol gicos pr -cl nicos e cl nicos (BRASIL, 2009). Para a sele o das esp cies vegetais a serem estudadas, tr s crit rios podem ser adotados como (i): a escolha da planta de forma aleat ria, desde que tenha disponibilidade de exemplares da planta; (ii) a escolha de uma classe qu mica de subst ncia em g nero ou fam lia e (iii) a escolha baseada nas informa es passadas pela popula o sobre o uso e evid ncias terap uticas (MACIEL et al.)

10 , 2002). Outro aspecto que deve ser ressaltado que a planta somente apresenta valor medicinal, quando usada de maneira correta, devido ao risco de intoxica o e surgimento de v rios efeitos colaterais. Como exemplo de planta com propriedade medicinal, mas que possui grande toxidade, a ANVISA adverte para o alto grau de toxidade da Graviola (Annona revista Sapi ncia: sociedade, saberes e pr ticas educacionais UEG/C mpus de Ipor , , n. 2, jul/dez 2014 ISSN 2238-3565 47 muricata) que possui teor elevado de alcaloide o que pode levar a disfun o pancre tica e diabetes. A Babosa (Aloe vera), tamb m apresente propriedade terap utica e considerada toxica quando usada de forma incorreta devido presen a da chamada alo na o que leva a inflama es renais e hep ticas (BRASIL, 2007). Al m disso, muitas dessas PLANTAS s o coletadas e preparadas sem nenhum cuidado adequado sendo, portanto, muitas vezes contaminadas com diversos tipos de impureza (LORENZI, 1992) (GOBBO NETO e LOPES, 2006).