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Três gerações de avaliação da educação básica no …

Tr s gera es de avalia o da educa o b sica no Brasil: interfaces com o curr culo da/na escola Alicia Bonamino Pontif cia Universidade Cat lica do Rio de Janeiro Sandra Z kia Sousa Universidade de S o Paulo Resumo Analisam-se, neste artigo, tr s gera es de avalia o da educa o em larga escala, a partir dos objetivos e desenhos usuais em ini- ciativas implementadas no Brasil. A primeira gera o consiste na avalia o diagn stica da qualidade da educa o, sem atribui o de consequ ncias diretas para as escolas e para o curr culo esco- lar. As outras duas gera es articulam os resultados das avalia es a pol ticas de responsabiliza o, com atribui o de consequ ncias simb licas ou materiais para os agentes escolares.

Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 38, n. 2, p. 373-388, abr./jun. 2012. 373 Três gerações de avaliação da educação básica no Brasil: interfaces com o …

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1 Tr s gera es de avalia o da educa o b sica no Brasil: interfaces com o curr culo da/na escola Alicia Bonamino Pontif cia Universidade Cat lica do Rio de Janeiro Sandra Z kia Sousa Universidade de S o Paulo Resumo Analisam-se, neste artigo, tr s gera es de avalia o da educa o em larga escala, a partir dos objetivos e desenhos usuais em ini- ciativas implementadas no Brasil. A primeira gera o consiste na avalia o diagn stica da qualidade da educa o, sem atribui o de consequ ncias diretas para as escolas e para o curr culo esco- lar. As outras duas gera es articulam os resultados das avalia es a pol ticas de responsabiliza o, com atribui o de consequ ncias simb licas ou materiais para os agentes escolares.

2 Tomando como par metro de an lise os objetivos e desenhos dessas avalia es, bem como estudos e pesquisas que produziram evid ncias sobre o tema, exploram-se poss veis implica es para o curr culo escolar. Por um lado, discutem-se os riscos de as provas padronizadas, com avalia es que referenciam pol ticas de responsabiliza o envol- vendo consequ ncias fracas e fortes, exacerbarem a preocupa o de diretores e professores com a prepara o para os testes e para as atividades por estes abordadas, levando a um estreitamento do curr culo escolar. Por outro lado, aponta-se o potencial das avalia- es de segunda e terceira gera es em propiciarem uma discus- s o informada sobre o curr culo escolar, em termos das habilidades fundamentais de leitura e matem tica que ainda n o t m sido ga- rantidas a todos os alunos.

3 Palavras-chave Avalia o da educa o Responsabiliza o Curr culo escolar. Correspond ncia: Alicia Bonamino Pontif cia Universidade Cat lica do Rio de Janeiro Departamento de Educa o Rua Marqu s de S o Vicente, 225, 1050 L. 22451-900 Rio de Janeiro/RJ. Educa o e Pesquisa, S o Paulo, v. 38, n. 2, p. 373-388, 2012. 373. Three generations of assessments of basic education in Brazil: interfaces with the curriculum in/of the school Alicia Bonamino Pontifical Catholic University of Rio de Janeiro Sandra Z kia Sousa University of S o Paulo Abstract Three generations of large scale assessments of education are analyzed in this article based on the objectives and designs usual in initiatives of this kind implemented in Brazil.

4 The first generation consists in the diagnostic assessment of the quality of education, without attribution of direct consequences for schools and for school curricula. The other two generations articulate the results of the assessments to accountability policies, with the attribution of symbolic or material consequences for the school agents. Taking as a parameter of analysis the objectives and designs of these assessments, as well as studies and researches that produced results about this theme, possible implications for the school curriculum are explored. On the one hand, a discussion is made of the risks that standardized tests, with evaluations that make reference to accountability policies involving weak and strong consequences, may exacerbate the concern of teachers and principals with the preparation for the tests and for the activities they include, leading to a narrowing of the school curriculum.

5 On the other hand, the text points out the potential of the second and third generation assessments to stimulate an informed discussion of school curriculum in terms of the fundamental abilities of reading and mathematics which have not yet been guaranteed to all pupils. Keywords Assessment of education Accountability School curriculum. Contact: Alicia Bonamino Pontif cia Universidade Cat lica do Rio de Janeiro Departamento de Educa o Rua Marqu s de S o Vicente, 225, 1050 L. 22451-900 Rio de Janeiro/RJ. 374 Educa o e Pesquisa, S o Paulo, v. 38, n. 2, p. 373-388, 2012. Dentre os marcos presentes na formula- pol ticas de responsabiliza o com atribui o o e na implementa o das pol ticas educa- de consequ ncias para os agentes escolares.

6 Na cionais brasileiras nas duas ltimas d cadas, literatura sobre o tema, quando as consequ n- ganham destaque as avalia es com elementos cias dessas pol ticas s o apenas simb licas, elas comuns a propostas realizadas em outros pa- s o chamadas de low stakes ou de responsabili- ses, expressando uma agenda mundial. Al m za o branda. J quando as consequ ncias s o de outros objetivos, as iniciativas de avalia o s rias, elas s o chamadas de high stakes ou de associam-se promo o da qualidade do ensi- responsabiliza o forte (CARNOY; LOEB, 2002;. no, estabelecendo, no limite, novos par metros BROOKE, 2006). Tais avalia es s o respectiva- de gest o dos sistemas educacionais.

7 Mente identificadas, neste texto, como avalia- Em rela o ao curr culo, na maioria dos es de segunda e terceira gera o. pa ses, e independentemente do grau de des- No Brasil, avalia es de primeira gera- centraliza o ou centraliza o das formas de o s o aquelas cuja finalidade acompanhar regula o dos curr culos escolares, o que se a evolu o da qualidade da educa o. De um constata uma tend ncia utiliza o de ava- modo geral, essas avalia es divulgam seus re- lia es centralizadas para mensurar o desem- sultados na Internet, para consulta p blica, ou penho escolar dos alunos, sob os mesmos par - utilizam-se da m dia ou de outras formas de metros curriculares aos quais se considera que dissemina o, sem que os resultados da avalia- todos os estudantes deveriam ter acesso.

8 O sejam devolvidos para as escolas. Essa perspectiva mais universalista re- Avalia es de segunda gera o, por sua for ada pelo consenso que parece existir em vez, contemplam, al m da divulga o p bli- escala mundial a respeito da pequena varia- ca, a devolu o dos resultados para as esco- bilidade das propostas curriculares, o que se las, sem estabelecer consequ ncias materiais. reflete nos conte dos das avalia es nacio- Nesse caso, as consequ ncias s o simb licas nais e na participa o recente de 65 pa ses e decorrem da divulga o e da apropria o no Programa Internacional de Avalia o de das informa es sobre os resultados da escola Estudantes (PISA), a partir da ideia de que o pelos pais e pela sociedade.

9 Esse tipo de me- curr culo da cada pa s compar vel aos dos canismo de responsabiliza o tem como pres- outros pa ses envolvidos. suposto que o conhecimento dos resultados No caso do Brasil, a an lise dos dese- favorece a mobiliza o das equipes escolares nhos das avalia es em andamento leva a que para a melhoria da educa o, bem como a se identifiquem tr s gera es de avalia es da press o dos pais e da comunidade sobre a es- educa o em larga escala, com consequ ncias cola (ZAPONI; VALEN A, 2009). diferenciadas para o curr culo escolar. Ao tem- Avalia es de terceira gera o s o aque- po em que se sucedem, essas gera es coexis- las que referenciam pol ticas de responsabiliza- tem no mbito das redes de ensino; da a neces- o forte ou high stakes, contemplando san es sidade de se tomar tal classifica o como um ou recompensas em decorr ncia dos resultados recurso anal tico.

10 De alunos e escolas. Nesse caso, incluem-se A primeira gera o enfatiza a avalia- experi ncias de responsabiliza o explicitadas o com car ter diagn stico da qualidade da em normas e que envolvem mecanismos de re- educa o ofertada no Brasil, sem atribui o de munera o em fun o de metas estabelecidas consequ ncias diretas para as escolas e para o (ZAPONI; VALEN A, 2009). curr culo. No est gio atual das iniciativas de Este artigo procura caracterizar ex- avalia o em larga escala, emergem outros dois peri ncias de avalia o da educa o b sica novos modelos de avalia o com a finalidade em curso no pa s e explora poss veis rela es de subsidiar, a partir dos resultados dos alunos, com o curr culo escolar.


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