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Triste Fim de Policarpo Quaresma - ebooksbrasil.org

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7 I A Lição de Violão Como de hábito, Policarpo Quaresma, mais conhecido por Major Quaresma, bateu em casa às quatro e quinze da tarde. Havia mais de vinte anos que isso

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1 Lima BarretoLima BarretoLima BarretoLima BarretoLima BarretoRomanceRomanceRomanceRomanceRoman cetriste fim detriste fim detriste fim detriste fim detriste fim depolicarpopolicarpopolicarpopolicarpopo licarpoquaremaquaremaquaremaquaremaquare ma Triste FIM DE Policarpo Quaresma Lima Barreto MINIST RIO DA CULTURA Funda o Biblioteca Nacional Departamento Nacional do Livro Vers o para eBook por A Jo o Luiz Ferreira Engenheiro Civil Le grand inconv nient de la vie r elle et ce qui la rend insupportable l'homme sup rieur, c'est que, si l'on y transporte les principes de l'id al, les qualit s deviennent des d fauts, si bien que fort souvent l'homme accompli y r ussit moins bien que celui qui a pour mobiles l' go sme ou la routine vulgaire.

2 Renan, Marc-Aur le PRIMEIRA PARTE 7 I A Li o de Viol o Como de h bito, Policarpo Quaresma , mais conhecido por Major Quaresma , bateu em casa s quatro e quinze da tarde. Havia mais de vinte anos que isso acontecia. Saindo do Arsenal de Guerra, onde era subsecret rio, bongava pelas confeitarias algumas frutas, comprava um queijo, s vezes, e sempre o p o da padaria francesa. N o gastava nesses passos nem mesmo uma hora, de forma que, s tr s e quarenta, por a assim, tomava o bonde, sem erro de um minuto, ia pisar a soleira da porta de sua casa, numa rua afastada de S o Janu rio, bem exatamente s quatro e quinze, como se fosse a apari o de um astro, um eclipse, enfim um fen meno matematicamente determinado, previsto e predito.

3 A vizinhan a j lhe conhecia os h bitos e tanto que, na casa do Capit o Cl udio, onde era costume jantar-se a pelas quatro e meia, logo que o viam passar, a dona gritava criada: "Alice, 8 olha que s o horas; o Major Quaresma j passou." E era assim todos os dias, h quase trinta anos. Vivendo em casa pr pria e tendo outros rendimentos al m do seu ordenado, o Major Quaresma podia levar um trem de vida superior aos seus recursos burocr ticos, gozando, por parte da vizinhan a, da considera o e respeito de homem abastado. N o recebia ningu m, vivia num isolamento monacal, embora fosse cort s com os vizinhos que o julgavam esquisito e misantropo.

4 Se n o tinha amigos na redondeza, n o tinha inimigos, e a nica desafei o que merecera fora a do Doutor Segadas, um cl nico afamado no lugar, que n o podia admitir que Quaresma tivesse livros: "Se n o era formado, para qu ? Pedantismo!" O subsecret rio n o mostrava os livros a ningu m, mas acontecia que, quando se abriam as janelas da sala de sua livraria, da rua poder-se-iam ver as estantes pejadas de cima a baixo. Eram esses os seus h bitos; ultimamente, por m, mudara um pouco; e isso provocava coment rios no bairro. Al m do compadre e da filha, as nicas 9 pessoas que o visitavam at ent o, nos ltimos dias, era visto entrar em sua casa, tr s vezes por semana e em dias certos, um senhor baixo, magro, p lido, com um viol o agasalhado numa bolsa de camur a.

5 Logo pela primeira vez o caso intrigou a vizinhan a. Um viol o em casa t o respeit vel! Que seria? E, na mesma tarde, uma das mais lindas vizinhas do major convidou uma amiga, e ambas levaram um tempo perdido, de c pra l , a palmilhar o passeio, esticando a cabe a, quando passavam diante da janela aberta do esquisito subsecret rio. N o foi in til a espionagem. Sentado no sof , tendo ao lado o tal sujeito, empunhando o "pinho" na posi o de tocar, o major, atentamente, ouvia: "Olhe, major, assim." E as cordas vibravam vagarosamente a nota ferida; em seguida, o mestre aduzia: " 'r ', aprendeu?

6 " Mais n o foi preciso p r na carta; a vizinhan a concluiu logo que o major aprendia a tocar viol o. Mas que cousa? Um homem t o s rio metido nessas malandragens! Uma tarde de sol sol de mar o, forte e implac vel a pelas cercanias das 10 quatro horas, as janelas de uma erma rua de S o Janu rio povoaram-se r pida e repentinamente, de um e de outro lado. At da casa do general vieram mo as janela! Que era? Um batalh o? Um inc ndio? Nada disto: o Major Quaresma , de cabe a baixa, com pequenos passos de boi de carro, subia a rua, tendo debaixo do bra o um viol o impudico. verdade que a guitarra vinha decentemente embrulhada em papel, mas o vestu rio n o lhe escondia inteiramente as formas.

7 Vista de t o escandaloso fato, a considera o e o respeito que o Major Policarpo Quaresma merecia nos arredores de sua casa diminu am um pouco. Estava perdido, maluco, diziam. Ele, por m, continuou serenamente nos seus estudos, mesmo porque n o percebeu essa diminui o. Quaresma era um homem pequeno, magro, que usava pince-nez, olhava sempre baixo, mas, quando fixava algu m ou alguma cousa, os seus olhos tomavam, por detr s das lentes, um forte brilho de penetra o, e era como se ele quisesse ir alma da pessoa ou da cousa que fixava. Contudo, sempre os trazia baixos, como se se guiasse pela ponta do 11 cavanhaque que lhe enfeitava o queixo.

8 Vestia-se sempre de fraque, preto, azul, ou de cinza, de pano listrado, mas sempre de fraque, e era raro que n o se cobrisse com uma cartola de abas curtas e muito alta, feita segundo um figurino antigo de que ele sabia com precis o a poca. Quando entrou em casa, naquele dia, foi a irm quem lhe abriu a porta, perguntando: Janta j ? Ainda n o. Espere um pouco o Ricardo que vem jantar hoje conosco. Policarpo , voc precisa tomar ju zo. Um homem de idade, com posi o, respeit vel, como voc , andar metido com esse seresteiro, um quase capad cio n o bonito! O major descansou o chap u-de-sol um antigo chap u-de-sol com a haste inteiramente de madeira, e um cabo de volta, incrustado de pequenos losangos de madrep rola e respondeu: Mas voc est muito enganada, mana.

9 Preconceito supor-se que todo o homem que toca viol o um desclassificado. A modinha a mais genu na express o da poesia nacional e o viol o o instrumento que ela pede. N s 12 que temos abandonado o g nero, mas ele j esteve em honra, em Lisboa, no s culo passado, com o Padre Caldas que teve um audit rio de fidalgas. Beckford, um ingl s, muito o elogia. Mas isso foi em outro tempo; Que tem isso, Adelaide? Conv m que n s n o deixemos morrer as nossas tradi es, os usos genuinamente Bem, Policarpo , eu n o quero contrariar voc ; continue l com as suas manias. O major entrou para um aposento pr ximo, enquanto sua irm seguia em direitura ao interior da casa.

10 Quaresma despiu-se, lavou-se, enfiou a roupa de casa, veio para a biblioteca, sentou-se a uma cadeira de balan o, descansando. Estava num aposento vasto, com janelas para uma rua lateral, e todo ele era formado de estantes de ferro. Havia perto de dez, com quatro prateleiras, fora as pequenas com os livros de maior tomo. Quem examinasse vagarosamente aquela grande cole o de livros havia de espantar-se ao perceber o esp rito que presidia a sua reuni o. 13 Na fic o, havia unicamente autores nacionais ou tidos como tais: o Bento Teixeira, da Prosopop ia; o Greg rio de Matos, o Bas lio da Gama, o Santa Rita Dur o, o Jos de Alencar (todo), o Macedo, o Gon alves Dias (todo), al m de muitos outros.


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