Example: confidence

Volume 24 Nœmero 1 de Urologia Acta Jœnior

Acta Urol gica 2007, 24; 1: 83-89 83. Volume 24. Associa o N mero 1. Portuguesa 2007. de Urologia Acta J nior 84. Acta Urol gica 2007, 24; 1: 83-89 85. Acta J nior Epididimite no adulto Tiago Moura Mendon a*. Servi o de Urologia do Hospital Pulido Valente Director Dr. Tom Lopes Artigo revisto por: Dr. Branco da Palma**; Dr. Jos Santos Dias**. *Interno do Internato Complementar de Urologia Hospital Pulido Valente ** Chefe de Servi o de Urologia Hospital Pulido Valente ** Assistente Hospitalar de Urologia Hospital Pulido Valente Resumo Pretende o autor fazer uma revis o da literatura existente sobre epididimites no adulto. No que diz respeito epididimite aguda, discute-se a epidemiologia, a etiologia (infecciosa e n o-infecciosa), a apresenta o cl nica, o diagn stico diferencial, os exames complemen- tares, a terap utica e a evolu o e complica es.

Acta Júnior Epididimite no adulto Tiago Moura Mendonça* Serviço de Urologia do Hospital Pulido Valente Director – Dr. TomØ Lopes Artigo revisto por: Dr. Branco da Palma**; Dr. JosØ Santos Dias***

Tags:

  Aact

Information

Domain:

Source:

Link to this page:

Please notify us if you found a problem with this document:

Other abuse

Transcription of Volume 24 Nœmero 1 de Urologia Acta Jœnior

1 Acta Urol gica 2007, 24; 1: 83-89 83. Volume 24. Associa o N mero 1. Portuguesa 2007. de Urologia Acta J nior 84. Acta Urol gica 2007, 24; 1: 83-89 85. Acta J nior Epididimite no adulto Tiago Moura Mendon a*. Servi o de Urologia do Hospital Pulido Valente Director Dr. Tom Lopes Artigo revisto por: Dr. Branco da Palma**; Dr. Jos Santos Dias**. *Interno do Internato Complementar de Urologia Hospital Pulido Valente ** Chefe de Servi o de Urologia Hospital Pulido Valente ** Assistente Hospitalar de Urologia Hospital Pulido Valente Resumo Pretende o autor fazer uma revis o da literatura existente sobre epididimites no adulto. No que diz respeito epididimite aguda, discute-se a epidemiologia, a etiologia (infecciosa e n o-infecciosa), a apresenta o cl nica, o diagn stico diferencial, os exames complemen- tares, a terap utica e a evolu o e complica es.

2 Sublinha-se a import ncia de alguns factores na orienta o diagn stica, tais como a idade do doente, a sua hist ria sexual ou a presen a de patologia urol gica, entre outros. Caracteriza-se o quadro clinico-laboratorial e define-se a abordagem terap utica adequada etiologia suspeita ou confirmada. Em rela o epididimite cr nica, chama-se a aten o para a virtual aus ncia de evid ncia cient fica dispon vel, da qual decorre o empirismo utilizado na abordagem terap utica desta entidade mal definida. Neste particular, sublinhado o resultado muito pouco satisfat rio da epididimectomia nas poucas s ries publicadas. Palavras-chave: epid dimo, dor, epididimite. Abstract The author reviewed the literature regarding adult epididymitis. The epidemiology, etiology (infectious and non-infectious), clinical presentation, differential diagnosis, laboratory and imaging studies, treatment, evolution and complications of acute epididymitis are discussed.

3 The importance of age, sexual history and preexistent urological Correspond ncia: pathology (among others) in the diagnostic approach is underlined. The clinical and laborato- Tiago Moura Mendon a Servi o de Urologia rial picture is characterized and the best therapeutic approach is defined. do Hospital Pulido Valente As for chronic epididymitis, the author emphasizes the virtual absence of evidence-based e-mail: knowledge, leading to empirical treatment of this ill-defined condition. In particular, the highly unsatisfactory outcome of epididymectomy in the few published series is underlined. Keywords: epididymis, pain, epididymitis. Introdu o Tratando-se de doen as de curso habitualmente benigno, a sua import ncia muitas vezes desvalorizada, As condi es inflamat rias, sobretudo aquelas de atitude que pode conduzir a erros e/ou atrasos na for- natureza infecciosa, s o as entidades nosol gicas que mula o do diagn stico correcto e na institui o da tera- [1].

4 Mais frequentemente envolvem o epid dimo. p utica adequada. 86 Tiago Moura Mendon a Acta Urol gica 2007, 24; 1: 83-89. Com o presente artigo pretende-se fazer uma A maior preval ncia de patologia urol gica na popu- revis o da literatura cient fica recentemente publicada la o com mais de 35 anos apontada por v rios autores nesta rea, de forma a melhor sistematizar a abordagem como o principal factor respons vel pela diferen a nos cl nica do doente com epididimite. agentes etiol gicos respons veis pela epididimite agu- da: a estase urin ria e o aumento de press o uretral durante a mic o presentes em situa es como a HBP. ou o aperto uretral predisp em ao refluxo de urina I. EPIDIDIMITE AGUDA infectada atrav s dos canais ejaculadores.[2] Al m disso, os procedimentos urol gicos, tais como algalia o, A epididimite aguda caracteriza-se por dor escro- cistoscopia, cirurgia transuretral, cirurgia prost tica ou tal e aumento de Volume do epid dimo, habitualmente vasectomia, potenciam o risco de epididimite a Gram- unilateral, com menos de 6 semanas de evolu o.

5 [2]. -negativos. A tuberculose uma forma infecciosa de epididi- mite aguda rara nos pa ses desenvolvidos mas que se reveste de maior import ncia em reas de grande pre- 1 Epidemiologia val ncia, como no nosso pa s, onde se assiste a um re- O pico de incid ncia da epididimite aguda situa-se na crudescimento desta doen a. O agente Mycobacterium terceira d cada, e 70% dos casos ocorrem entre os 20 e tuberculosis pode atingir o epid dimo por via hemato- os 39 anos. O lado direito afectado com igual g nea ou linf tica, ou ainda por dissemina o, a partir do [1]. frequ ncia ao lado esquerdo. O envolvimento bilateral rim infectado, pr stata e ao epid dimo. Esta entidade mais raro (9%). N o parece haver predomin ncia requer um elevado ndice de suspei o, uma vez que a racial. [3] epididimite tuberculosa cursa habitualmente com uro- culturas negativas para M.

6 Tuberculosis e o diagn stico definitivo muitas vezes s poss vel por an lise histo- [2]. patol gica. 2 Etiologia A epididimite tuberculosa pode ainda apresentar-se como uma complica o da imunoterapia intra-vesical a) Infecciosa com Bacilo de Calmette-Gu rin (BCG). [1]. A etiologia mais frequente da epididimite aguda a Outras causas infecciosas menos comuns incluem a infec o bacteriana. infec o pelo v rus da parotidite epid mica, a brucelose, Nos indiv duos com idade inferior ou igual a 35 a blastomicose e infec es a Candida (estas ltimas mais anos esta infec o habitualmente transmitida por via frequentes em doentes imunossuprimidos). sexual. Como tal, os agentes habitualmente implicados s o aqueles que provocam uretrite, sendo o mais fre- b) N o-infecciosa quentemente isolado Chlamydia trachomatis (at A amiodarona [1,2,7]. pode causar uma epididimite 85% dos casos analisados por t cnicas de amplifica o atrav s de um mecanismo fisiopatol gico n o total- [4].

7 De DNA), seguida por Neisseira gonorrhoeae. A epididi- mente esclarecido: al m da efeito t xico directo do mite a Escherichia coli rara nos jovens, estando por m a f rmaco, cuja concentra o no epid dimo pode ser at . sua incid ncia aumentada em grupos que praticam rela- 300 vezes superior sua concentra o s rica, a iden- [3]. es sexuais anais n o protegidas. Ureaplasma urealy- tifica o de anticorpos anti-amiodarona em doentes ticum, Enterococcus faecalis e Pseudomonas aeruginosa com toxicidade cl nica coloca a hip tese da exist ncia de s o exemplos de outros agentes poss veis mas menos fen menos auto-imunes. [1]. habituais neste grupo et rio. Esta forma de epididimite responde rapidamente . Em indiv duos com idade superior a 35 anos, a interrup o da terap utica com amiodarona. [4]. uretrite transmitida por via sexual menos comum. As vasculites s o uma causa rara de epididimite.

8 J . Assim, a epididimite aguda est em regra associada foram descritos casos em doentes com poliarterite a bacteri ria provocada por microorganismos ent ri- nodosa, doen a de Beh et e p rpura de Henoch- cos Gram-negativos que entram no tracto genitourin - -Sch nlein. [5,7]. rio por via n o-sexual, sendo a Escherichia coli o mais [1]. A epididimite traum tica pode ocorrer na se- comum. Klebsiella, Pseudomonas e Proteus s o ocasio- qu ncia de les o iatrog nica do epid dimo durante uma nais. interven o cir rgica no escroto. No entanto, resulta Acta Urol gica 2007, 24; 1: 83-89 Epididimite no adulto 87. mais frequentemente de um traumatismo escrotal e apesar de estar habitualmente associada a outras com- 4 Investiga o Laboratorial plica es que requerem explora o cir rgica (rotura ou enfarte testiculares, hematoma intratesticular), a epidi- Em todos os indiv duos com suspeita de epididimite dimite traum tica pode ocorrer como fen meno isola- devem ser realizados numa primeira abordagem os do, necessitando apenas de terap utica conservadora.

9 Seguintes exames auxiliares de diagn stico: hemograma e bioqu mica com avalia o de par metros anal ticos de inflama o;. 3 Cl nica an lise bioqu mica e microsc pica de urina;. urocultura;. A epididimite aguda pode ser totalmente assintom - serologia para Chlamydia trachomatis (IgM). tica, mas em regra surge associada a uma combina o dos seguintes sintomas: Nos doentes em risco para doen as sexualmente transmiss veis deve ainda ser realizado um esfrega o dor escrotal e/ou p lvica de instala o gradual uretral para pesquisa de Neisseira gonorrhoeae. A pre- febre sen a de uretrite apoia o diagn stico de epididimite. edema e/ou eritema do escroto Note-se que o esvaziamento vesical deve ser evit- n dulo palp vel ado nas duas horas que antecedem o esfrega o uretral, ardor ou dificuldade uretral e/ou polaqui ria uma vez que o fluxo de urina na uretra pode arrastar.

10 Corrimento uretral ou p s no ejaculado os microorganismos, reduzindo a sua concentra o e, A dor caracteriza-se pela sua instala o gradual, ve- assim, dificultando a sua identifica o. [2]. locidade de progress o vari vel (horas a dias), intensi- dade crescente, muitas vezes acompanhada por febre. O escroto apresenta-se eritematoso e com aumento de 5 Diagn stico Diferencial Volume . A epididimite adquirida por contacto sexual pode O principal diagn stico diferencial da epididmite ser acompanhada de uretrite, com queixas de dificul- aguda a tor o testicular ou do cord o esper- dade miccional e corrimento uretral mucoso ou muco- m tico. -purulento. Este deve ser pesquisado atrav s da inspec- A confus o diagn stica mais frequente nos indiv - o do meato uretral externo e da compress o longitu- duos com menos de 35 anos, nos quais ambas as patolo- [7].


Related search queries