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A CONSTRUÇÃO SOCIAL DO CONCEITO DE INFÂNCIA ... - UFSM

1A CONSTRU O SOCIAL DO CONCEITO DE INF NCIA: ALGUMAS INTERLOCU ES HIST RICAS E SOCIOL GICAS THE SOCIAL CONSTRUCTION OF THE CHILDHOOD CONCEPT: SOME HISTORICAL AND SOCIOLOGICAL INTERLOCUTIONS Cl udia Terra do Nascimento1 Vantoir Roberto Brancher2 Valeska Fortes de Oliveira3 RESUMO Este artigo pretende trazer algumas considera es sobre a inf ncia voltada para quest es hist ricas e sociol gicas, centrando tal reflex o para uma poss vel sociologia da e para a inf ncia. Procura mostrar a origem do CONCEITO de inf ncia, enquanto constru o SOCIAL . Para tanto, no primeiro e segundo t picos, as autoras trazem um breve resgate da hist ria da inf ncia e sua origem at a modernidade. No terceiro t pico, acendem reflex es acerca da inf ncia j na contemporaneidade. E, por fim, no quarto t pico trazem tona o surgimento de uma poss vel sociologia da inf ncia, levando-se em considera o o pr prio hist rico da constru o da inf ncia.

transformá-las em adultos socialmente aceitos (Levin, 1997). Nesse contexto, pode-se perceber que a criança era tida como irracional e, portanto, incapaz de movimentar-se com sobriedade e com coerência no mundo. Percebe-se, então, que a primeira preocupação com a infância ligou-se à disciplina e à difusão da

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  Socialmente

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1 1A CONSTRU O SOCIAL DO CONCEITO DE INF NCIA: ALGUMAS INTERLOCU ES HIST RICAS E SOCIOL GICAS THE SOCIAL CONSTRUCTION OF THE CHILDHOOD CONCEPT: SOME HISTORICAL AND SOCIOLOGICAL INTERLOCUTIONS Cl udia Terra do Nascimento1 Vantoir Roberto Brancher2 Valeska Fortes de Oliveira3 RESUMO Este artigo pretende trazer algumas considera es sobre a inf ncia voltada para quest es hist ricas e sociol gicas, centrando tal reflex o para uma poss vel sociologia da e para a inf ncia. Procura mostrar a origem do CONCEITO de inf ncia, enquanto constru o SOCIAL . Para tanto, no primeiro e segundo t picos, as autoras trazem um breve resgate da hist ria da inf ncia e sua origem at a modernidade. No terceiro t pico, acendem reflex es acerca da inf ncia j na contemporaneidade. E, por fim, no quarto t pico trazem tona o surgimento de uma poss vel sociologia da inf ncia, levando-se em considera o o pr prio hist rico da constru o da inf ncia.

2 PALAVRAS-CHAVE: inf ncia, hist ria da inf ncia, sociologia da inf ncia, constru o SOCIAL . THE SOCIAL CONSTRUCTION OF THE CHILDHOOD CONCEPT: SOME HISTORICAL AND SOCIOLOGICAL INTERLOCUTIONS ABSTRACT This article intends to come up with some considerations about the childhood concerning the historical and sociological issues, focusing such reflection for a possible sociology of and for the childhood. It tries to portray the origin of the childhood concept, as SOCIAL building. For that, in the first and in the second topics the authors come up with a brief recovery of the 1 Psicopedagoga, Mestre em Desenvolvimento Humano, UFSM; e-mail 2 Pedagogo-Mestre em Educa o, Prof. Subst Dept Fundamentos da Educa o-CE/UFSM e-mail 3 Dr . em Educa o, Prof . do Departamento de Fundamentos da Educa o, UFSM.

3 E-mail 2childhood history and its origin up to the modernity. In the third topic there are reflections concerning the childhood in nowadays. And, finally, the fourth topic is about the appearance of a possible childhood s sociology, taking into account the own historic of the childhood s building. KEY-WORDS: childhood, childhood s history, childhood s sociology, SOCIAL building. 1 - A ORIGEM DO CONCEITO DE INF NCIA: De certo modo, demorou a que as Ci ncias Sociais e Humanas focassem a crian a e a inf ncia como objetos centrais de suas pesquisas. Demorou mais tempo ainda para que as pesquisas considerassem em suas an lises as rela es entre sociedade, inf ncia e escola, entendendo a crian a como sujeito hist rico e de direitos, tendo como eixo de suas investiga es o registro das "falas" das crian as. A busca pela interpreta o das representa es infantis de mundo objeto de estudo relativamente novo, que vem objetivando entender o complexo e multifacetado processo de constru o SOCIAL da inf ncia e o papel que a escola vem desempenhando diante desta inven o da modernidade.

4 Nesta dire o, como afirmado anteriormente, os estudos s o raros, ainda mais no Brasil (Corsaro, 2003). A an lise da produ o existente sobre a hist ria da inf ncia permite afirmar que a preocupa o com a crian a encontra-se presente somente a partir do s culo XIX, tanto no Brasil como em outros lugares do mundo. No entanto, mesmo a inf ncia constituindo-se em um problema SOCIAL desde o s culo XIX, ainda n o foi suficiente para torn -la um problema de investiga o cient fica. Estudos apontam que at o in cio da d cada de sessenta a hist ria da inf ncia e a hist ria da educa o pareciam ser dois campos distintos e inconcili veis de pesquisa (Ari s, 1973). Com a publica o, na Fran a em 1960 e nos Estados Unidos em 1962 do livro de Ari s (1973) sobre a Hist ria SOCIAL da inf ncia e da fam lia , e na d cada seguinte, em 1974, acrescida da publica o do texto de De Mause (1991) sobre A evolu o da inf ncia , os historiadores da educa o, principalmente os norte-americanos, encontravam-se no processo de reconstruir a defini o precisa de seu campo.

5 No entanto, at este per odo, poucos historiadores haviam manifestado algum interesse pelo tema da inf ncia ou o tinham colocado como objetivo de suas pesquisas. 3 Somente uns poucos tentaram conhecer melhor a hist ria da inf nica. Mas, para Ari s (1973) e De Mause (1991), a hist ria da inf ncia e as quest es da aprendizagem humana j estavam relacionadas conceitual e socialmente . Ambos os autores supracitados enfatizaram a simultaneidade no tempo do descobrimento ou reconhecimento da inf ncia moderna e da apari o de institui es protetoras para cuidar e formar a gera o mais jovem. A falta de uma hist ria da inf ncia e seu registro historiogr fico tardio s o um ind cio da incapacidade por parte do adulto de ver a crian a em sua perspectiva hist rica. Somente nos ltimos anos o campo historiogr fico rompeu com as r gidas regras da investiga o tradicional, institucional e pol tica, para abordar temas e problemas vinculados hist ria SOCIAL (Ari s, 1973).

6 Narodowski (1993), ap s ter realizado um trabalho in dito, centrando suas an lises na rela o entre inf ncia, poder e pedagogia, resultando em sua tese de doutoramento publicada sob o t tulo Infancia e poder: la conformaci n de la pedagog a moderna , identifica um n cleo de consenso entre os historiadores acerca da defini o de inf ncia. Para o referido autor, a inf ncia um fen meno hist rico e n o meramente natural, e as caracter sticas da mesma no ocidente moderno podem ser esquematicamente delineadas a partir da heteronomia, da depend ncia e da obedi ncia ao adulto em troca de prote o. Aceitando-se a tese de Ari s (1973), preciso aceitar que a inf ncia, tal qual entendida hoje, resulta inexistente antes do s culo XVI. A vida era relativamente igual para todas as idades, ou seja, n o havia muitos est gios e os que existiam n o eram t o claramente demarcados.

7 Por exemplo, as crian as tinham muito menos poder do que atualmente t m em rela o aos adultos. Provavelmente ficavam mais expostas viol ncia dos mais velhos (Ari s, 1973). Tinham um d ficit de poder sobre seus corpos. Inversamente, algumas pouqu ssimas crian as podiam ter um poder imenso, como Luiz XVI, rei da Fran a, a ponto de ser tratado como adulto por seus criados e cortes os. Tamb m havia o caso de pessoas que n o conseguiam durante a vida toda sair da inf ncia, como os escravos. No sul dos Estados Unidos, escravos eram tratados como meninos, "come here, boy", como eram conhecidos. Classificados como dependentes, eram tidos como seres inferiores, como nos conta Levin (1997). Obviamente, isto n o significa negar a exist ncia biol gica destes indiv duos. Significa, em realidade, reconhecer que antes do s culo XVI, a consci ncia SOCIAL n o 4admite a exist ncia aut noma da inf ncia como uma categoria diferenciada do g nero humano.

8 Passado o estrito per odo de depend ncia f sica da m e, esses indiv duos se incorporavam plenamente ao mundo dos adultos (Levin, 1997). Utilizando uma fonte t o heterodoxa como a arte da poca, Ari s (1973) demonstra a exist ncia da inf ncia como categoria aut noma diferenciada somente depois de um processo, que pode ser caracterizado como devolu o nos sentimentos, ocorridos entre os s culos XVI e XVIII. O retrato de fam lia predominante na arte do s culo XVIII, mostra estes sujeitos, antes inexistentes, formando parte do centro do mundo familiar. A hist ria posterior permitir afirmar que a inf ncia pagar um pre o muito alto por esta nova centralidade SOCIAL : a incapacidade plena ( SOCIAL e, mais tarde, tamb m jur dica) e, no melhor dos casos, converter-se em objeto de prote o-repress o. Estas s o suas caracter sticas mais significativas.

9 Durante a Idade M dia, antes da escolariza o das crian as, estas e os adultos compartilhavam os mesmos lugares e situa es, fossem eles dom sticos, de trabalho ou de festa. Na sociedade medieval n o havia a divis o territorial e de atividades em fun o da idade dos indiv duos, n o havia o sentimento de inf ncia ou uma representa o elaborada dessa fase da vida (Ari s, 1973). Assim, foi durante o s culo XVII que se generalizou o h bito de pintar nos objetos e na mob lia uma data solene para a fam lia. Pode-se afirmar que foi na Idade M dia que as Idades da Vida come aram a ter import ncia. Durante a Idade M dia, ent o, existiam seis etapas de vida. As tr s primeiras, que correspondem 1a. idade (nascimento / 7 anos), 2a. idade (7 / 14 anos) e 3a. idade (14 - 21 anos), eram etapas n o valorizadas pela sociedade.

10 Somente a partir da 4a. idade, a juventude (21 - 45 anos), as pessoas come avam a ser reconhecidas socialmente . Ainda existiam a 5a. idade (a senectude),considerando a pessoa que n o era velha, mas que j tinha passado da juventude; e a 6a. idade (a velhice),dos 60 anos em diante at a morte. Tais etapas alimentavam, desde esta poca, a id ia de uma vida dividida em fases (Ari s, 1973). 52 - O CONCEITO DE INF NCIA NOS S CULOS XIX E XX Na Idade Moderna, Descartes (2005) d origem a um novo tipo de pensamento, que revoluciona a hist ria da inf ncia. Passam a ser analisadas, com exist ncias separadas, uma fisiologia para o corpo e uma teoria de paix es para a alma. a alma que d ordem ao corpo e comanda seus movimentos. Com Descartes, ent o, ocorreu a supervaloriza o de dualismos, fortalecendo a vis o positivista de conceber o mundo e o pr prio homem (Levin, 1997).


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