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José de Alencar - O Guarani - educacional.com.br

O Guarani Jos de Alencar O Guarani 2005 Sum rio Cap tulo P gina O Guarani .. 1 PR 7 AO LEITOR .. 8 PRIMEIRA PARTE - OS AVENTUREIROS .. 9 I CEN 10 II 13 III A BANDEIRA .. 17 IV CA 22 V LOURA E MORENA .. 26 VI A VOLTA .. 31 VII A 37 VIII TR S LINHAS .. 42 IX AMOR .. 46 X AO ALVORECER .. 50 XI NO BANHO .. 55 XII A ON A .. 60 XIII REVELA 65 XIV A NDIA .. 71 XV OS TR S .. 76 SEGUNDA PARTE - PERI .. 82 I O CARMELITA .. 83 II IARA! .. 90 III G NIO DO 96 IV CECI .. 101 V VILANIA .. 107 VI NOBREZA .. 112 VII NO PRECIP 118 VIII O 124 IX 130 X DESPEDIDA .. 135 XI TRAVESSURA .. 140 XII PELO 146 XIII TRAMA .. 151 XIV A X 156 TERCEIRA PARTE - OS AIMOR S .. 162 I PARTIDA .. 163 II 168 III VERME E FLOR .. 174 IV NA 180 V DEUS DISP 185 VI REVOLTA .. 190 VII OS SELVAGENS .. 195 VIII DES NIMO .. 200 IX ESPERAN A .. 204 X NA BRECHA .. 209 XI O FRADE .. 214 XII DESOBEDI 218 XIII 223 XIV O PRISIONEIRO.

JOSÉ DE ALENCAR 10 I CENÁRIO e um dos cabeços da Serra dos Órgãos desliza um fio de água que se dirige para o norte, e engrossado com os mananciais que recebe no seu curso de dez léguas, torna-se rio caudal. É o Paquequer: saltando de cascata em cascata, enroscando-se como uma serpente, vai depois se espreguiçar na várzea e …

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1 O Guarani Jos de Alencar O Guarani 2005 Sum rio Cap tulo P gina O Guarani .. 1 PR 7 AO LEITOR .. 8 PRIMEIRA PARTE - OS AVENTUREIROS .. 9 I CEN 10 II 13 III A BANDEIRA .. 17 IV CA 22 V LOURA E MORENA .. 26 VI A VOLTA .. 31 VII A 37 VIII TR S LINHAS .. 42 IX AMOR .. 46 X AO ALVORECER .. 50 XI NO BANHO .. 55 XII A ON A .. 60 XIII REVELA 65 XIV A NDIA .. 71 XV OS TR S .. 76 SEGUNDA PARTE - PERI .. 82 I O CARMELITA .. 83 II IARA! .. 90 III G NIO DO 96 IV CECI .. 101 V VILANIA .. 107 VI NOBREZA .. 112 VII NO PRECIP 118 VIII O 124 IX 130 X DESPEDIDA .. 135 XI TRAVESSURA .. 140 XII PELO 146 XIII TRAMA .. 151 XIV A X 156 TERCEIRA PARTE - OS AIMOR S .. 162 I PARTIDA .. 163 II 168 III VERME E FLOR .. 174 IV NA 180 V DEUS DISP 185 VI REVOLTA .. 190 VII OS SELVAGENS .. 195 VIII DES NIMO .. 200 IX ESPERAN A .. 204 X NA BRECHA .. 209 XI O FRADE .. 214 XII DESOBEDI 218 XIII 223 XIV O PRISIONEIRO.

2 227 QUARTA PARTE - A CAT I ARREPENDIMENTO .. 232 II O SACRIF CIO .. 237 III 242 IV REVELA 247 V O PAIOL .. 252 VI TR 256 VII 260 VIII NOIVA .. 264 IX O 269 X CRIST O .. 273 XI EP 278 7 PR LOGO Minha prima. Gostou da minha hist ria, e pede-me um romance; acha que posso fazer alguma coisa neste ramo de literatura. Engana-se; quando se conta aquilo que nos impressionou profundamente, o cora o que fala; quando se exprime aquilo que outros sentiram ou podem sentir, fala a mem ria ou a imagina o. Esta pode errar, pode exagerar-se; o cora o sempre verdadeiro, n o diz sen o o que sentiu; e o sentimento, qualquer que ele seja, tem a sua beleza. Assim, n o me julgo habilitado a escrever um romance, apesar de j ter feito um com a minha vida. Entretanto, para satisfaz -la, quero aproveitar as minhas horas de trabalho em copiar e remo ar um velho manuscrito que encontrei em um arm rio desta casa, quando a comprei.

3 Estava abandonado e quase todo estragado pela umidade e pelo cupim, esse roedor eterno, que antes do dil vio j se havia agarrado arca de No , e p de assim escapar ao cataclisma. Previno-lhe que encontrar cenas que n o s o comuns atualmente, n o as condene primeira leitura, antes de ver as outras que as explicam. Envio-lhe a primeira parte do meu manuscrito, que eu e Carlota temos decifrado nos longos ser es das nossas noites de inverno, em que escurece aqui s cinco horas. Adeus. Minas, 12 de dezembro. JOS DE Alencar 8 AO LEITOR Publicado este livro em 1857, se disse ser aquela primeira edi o uma prova tipogr fica, que algum dia talvez o autor se dispusesse a rever. Esta nova edi o devia dar satisfa o do empenho, que a extrema benevol ncia do p blico ledor, t o minguado ainda, mudou em bem para d vida de reconhecimento. Mais do que podia fiou de si o autor. Relendo a obra depois de anos, achou ele t o mau e incorreto quanto escrevera, que para bem corrigir, fora mister escrever de novo.

4 Para tanto lhe carece o tempo e sobra o t dio de um labor ingrato. Cingiu-se pois s pequenas emendas que toleravam o plano da obra e o desalinho de um estilo n o castigado. O Guarani 9 PRIMEIRA PARTE - OS AVENTUREIROS JOS DE Alencar 10 I CEN RIO e um dos cabe os da Serra dos rg os desliza um fio de gua que se dirige para o norte, e engrossado com os mananciais que recebe no seu curso de dez l guas, torna-se rio caudal. o Paquequer: saltando de cascata em cascata, enroscando-se como uma serpente, vai depois se espregui ar na v rzea e embeber no Para ba, que rola majestosamente em seu vasto leito. Dir-se-ia que, vassalo e tribut rio desse rei das guas, o pequeno rio, altivo e sobranceiro contra os rochedos, curva-se humildemente aos p s do suserano. Perde ent o a beleza selv tica; suas ondas s o calmas e serenas como as de um lago, e n o se revoltam contra os barcos e as canoas que resvalam sobre elas: escravo submisso, sofre o l tego do senhor.

5 N o neste lugar que ele deve ser visto; sim tr s ou quatro l guas acima de sua foz, onde livre ainda, como o filho ind mito desta p tria da liberdade. A , o Paquequer lan a-se r pido sobre o seu leito, e atravessa as florestas como o tapir, espumando, deixando o p lo esparso pelas pontas do rochedo, e enchendo a solid o com o estampido de sua carreira. De repente, falta-lhe o espa o, foge-lhe a terra; o soberbo rio recua um momento para concentrar as suas for as, e precipita-se de um s arremesso, como o tigre sobre a presa. Depois, fatigado do esfor o supremo, se estende sobre a terra, e adormece numa linda bacia que a natureza formou, e onde o recebe como em um leito de noiva, sob as cortinas de trepadeiras e flores agrestes. A vegeta o nessas paragens ostentava outrora todo o seu luxo e vigor; florestas virgens se estendiam ao longo das margens do rio, que corria no meio das arcarias de verdura e dos capit is formados pelos leques das palmeiras.

6 Tudo era grande e pomposo no cen rio que a natureza, sublime artista, tinha decorado para os dramas majestosos dos elementos, em que o homem e apenas um simples comparsa. D O Guarani 11 No ano da gra a de 1604, o lagar que acabamos de descrever estava deserto e inculto; a cidade do Rio de Janeiro tinha-se fundado havia menos de meio s culo, e a civiliza o n o tivera tempo de penetrar o interior. Entretanto, via-se margem direita do rio uma casa larga e espa osa, constru da sobre uma emin ncia, e protegida de todos os lados por uma muralha de rocha cortada a pique. A esplanada, sobre que estava assentado o edif cio, formava um semi-c rculo irregular que teria quando muito cinq enta bra as quadradas; do lado do norte havia uma esp cie de escada de lajedo feita metade pela natureza e metade pela arte. Descendo dois ou tr s dos largos degraus de pedra da escada, encontrava-se uma ponte de madeira solidamente constru da sobre uma fenda larga e profunda que se abria na rocha.

7 Continuando a descer, chegava-se beira do rio, que se curvava em seio gracioso, sombreado pelas grandes gameleiras e angelins que cresciam ao longo das margens. A , ainda a ind stria do homem tinha aproveitado habilmente a natureza para criar meios de seguran a e defesa. De um e outro lado da escada seguiam dois renques de rvores, que, alargando gradualmente, iam fechar como dois bra os o seio do rio; entre o tronco dessas rvores, uma alta cerca de espinheiros tornava aquele pequeno vale impenetr vel. A casa era edificada com a arquitetura simples e grosseira, que ainda apresentam as nossas primitivas habita es; tinha cinco janelas de frente, baixas, largas, quase quadradas. Do lado direito estava a porta principal do edif cio, que dava sobre um p tio cercado por uma estacada, coberta de mel es agrestes. Do lado esquerdo estendia-se at borda da esplanada uma asa do edif cio, que abria duas janelas sobre o desfiladeiro da rocha.

8 No ngulo que esta asa fazia com o resto da casa, havia uma coisa que chamaremos jardim, e de fato era uma imita o graciosa de toda a natureza rica, vigorosa e espl ndida, que a vista abra ava do alto do rochedo. Flores agrestes das nossas matas, pequenas rvores copadas, um estendal de relvas, um fio de gua, fingindo um rio e formando uma pequena cascata, tudo isto a m o do homem tinha criado no pequeno espa o com uma arte e gra a admir vel. primeira vista, olhando esse rochedo da altura de duas bra as, donde se precipitava um arroio da largura de um copo de gua, e o monte de grama, que tinha quando muito o tamanho de um div , parecia que a natureza se havia feito menina e se esmerara criar por capricho uma miniatura. O fundo da casa, inteiramente separado do resto da habita o por uma cerca, era tomado por dois grandes armaz ns ou senzalas, que serviam de morada a aventureiros e acostados.

9 Finalmente, na extrema do pequeno jardim, beira do precip cio, via-se uma cabana de sap , cujos esteios eram duas palmeiras que haviam nascido entre as fendas das pedras. As abas do teto desciam at o ch o; um ligeiro sulco privava as guas da chuva de entrar nesta habita o selvagem. Agora que temos descrito o aspecto da localidade, onde se deve passar a maior parte dos acontecimentos desta hist ria, podemos abrir a pesada porta de jacarand , que serve de entrada, e penetrar no interior do edif cio. JOS DE Alencar 12 A sala principal, o que chamamos ordinariamente sala da frente, respirava um certo luxo que parecia imposs vel existir nessa poca em um deserto, como era ent o aquele sitio. As paredes e o teto eram calados, mas cingidos por um largo flor o de pintura a fresco; nos espa os das janelas pendiam dois retratos que representavam um fidalgo velho e uma dama tamb m idosa. Sobre a porta do centro desenhava-se um bras o de armas em campo de cinco vieiras de ouro, riscadas em cruz entre quatro rosas de prata sobre palas e faixas.

10 No escudo, formado por uma brica de prata orlada de vermelho, via-se um elmo tamb m de prata, paquife de ouro e de azul, e por timbre um meio le o de azul com uma vieira de ouro sobre a cabe a. Um largo reposteiro de damasco vermelho, onde se reproduzia o mesmo bras o, ocultava esta porta, que raras vezes se abria, e dava para um orat rio. Defronte, entre as duas janelas do meio, havia um pequeno dossel fechado por cortinas brancas com apanhados azuis. Cadeiras de couro de alto espaldar, uma mesa de jacarand de p s torneados, uma l mpada de prata suspensa ao teto, constitu am a mob lia da sala, que respirava um ar severo e triste. Os aposentos interiores eram do mesmo gosto, menos as decora es her ldicas; na asa do edif cio, por m, esse aspecto mudava de repente, e era substitu do por um quer que seja de caprichoso e delicado que revelava a presen a de uma mulher. Com efeito, nada mais lou o do que essa alcova, em que os brocat is de seda se confundiam com as lindas penas de nossas aves, enla adas em grinaldas e fest es pela orla do teto e pela c pula do cortinado de um leito colocado sobre um tapete de peles de animais selvagens.


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