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RESENHAS A razão das emoções: um ensaio sobre …

407 ResenhaEstudos de Psicologia 1997, 2(2), 407-411 Ultimamente, v rios estudos t m abordado o velho tema dasemo es e a sua import ncia no controle do comportamento,incluindo as chamadas fun es mentais superiores como apercep o, aprendizagem, mem ria e intelig ncia. Para aqueles, comon s, que trabalham com emo o e cogni o gratificante constatarque o debate sobre o tema atravessou a barreira dos laborat rios e daacademia e passou a fazer parte do cotidiano de um p blico mais geral. O Erro de Descartes de Ant nio Dam sio um livro elegante,de uma leitura arrebatedora, que ilustra o fato de que as emo es s oindispens veis para a nossa vida racional. S o as emo es que nosfazem nicos, o nosso comportamento emocional que nos diferenciauns dos outros. A natureza e a extens o do nosso repert rio de respostasemocionais n o depende exclusivamente do nosso c rebro, mas dasua intera o com o corpo , e das nossas pr prias percep es do diz Dam sio, o corpo representado no c rebro constitui-se numquadro de refer ncia indispens vel para os processos neurais que n sexperienciamos como sendo a ponto, o autor aponta alguns erros de Descartes - asepara o entre a mente e o corpo .

408 Resenha operações mentais; isto influencia o corpo e vice-versa. Entende-se, portanto, o título do livro. A mente é fruto do cérebro contrapondo o

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1 407 ResenhaEstudos de Psicologia 1997, 2(2), 407-411 Ultimamente, v rios estudos t m abordado o velho tema dasemo es e a sua import ncia no controle do comportamento,incluindo as chamadas fun es mentais superiores como apercep o, aprendizagem, mem ria e intelig ncia. Para aqueles, comon s, que trabalham com emo o e cogni o gratificante constatarque o debate sobre o tema atravessou a barreira dos laborat rios e daacademia e passou a fazer parte do cotidiano de um p blico mais geral. O Erro de Descartes de Ant nio Dam sio um livro elegante,de uma leitura arrebatedora, que ilustra o fato de que as emo es s oindispens veis para a nossa vida racional. S o as emo es que nosfazem nicos, o nosso comportamento emocional que nos diferenciauns dos outros. A natureza e a extens o do nosso repert rio de respostasemocionais n o depende exclusivamente do nosso c rebro, mas dasua intera o com o corpo , e das nossas pr prias percep es do diz Dam sio, o corpo representado no c rebro constitui-se numquadro de refer ncia indispens vel para os processos neurais que n sexperienciamos como sendo a ponto, o autor aponta alguns erros de Descartes - asepara o entre a mente e o corpo .

2 O que se passa no c rebro s oRESENHASA raz o das emo es: um ensaiosobre O erro de Descartes O erro de Descartes: emo o, raz o e oc rebro humano, de Ant nio R. Dam sio1 Carlos TomazLilian G. GiuglianoUniversidade de Bras lia408 Resenhaopera es mentais; isto influencia o corpo e vice-versa. Entende-se,portanto, o t tulo do livro. A mente fruto do c rebro contrapondo odualismo cartesiano no qual a alma (raz o pura) independente docorpo e das emo es, e n o ocupa lugar no espa o. Al m disso, om todo de estudo mecanicista proposto por Descartes sio defende uma fus o do estudo neurobiol gico com a investi-ga o psicol gica numa abordagem integrativa das emo es e da raz subdividindo o fen meno nas menores partes poss veis afim de se compreender cada uma em separado, como prop s Descartesno seu livro Discurso do M todo , n o nos levariam a um entendimentocompleto e amplo da tomada de decis es ou de qualquer outro fen dualismo cartesiano tem influenciado o pensamento filos ficoe a pesquisa cient fica, em particular a intelig ncia artificial.

3 SegundoDam sio, a concep o de que a mente (entendida como processoscerebrais) algo separado e/ou independente do corpo tem levadoalguns pesquisadores a suporem que ser o capazes de compreender oque somos biologicamente atrav s da simula o de processos biol -gicos com computadores que s possuem uma mente . Nesta abor-dagem n o h espa o id ia de um corpo modific vel em certas cir-cunst ncias que chamamos emo es e aprecia o do estado destecorpo e da mente durante as emo es. Aprecia o esta a que Dam siose refere como os s da an lise sistem tica de casos cl nicos e da experimen-ta o neuropsicol gica com animais de laborat rio, Ant nio e suaesposa Hanna nos mostram como as emo es s o indispens veis nag nese e na express o do comportamento. De acordo com Dam sio, ainterrela o entre as emo es e a raz o remontam historia evolutivados seres vivos.

4 Durante a evolu o natural o estabelecimento de res-postas comportamentais adaptativas s o moldadas por processos emo-cionais e a escolha de respostas em determinadas situa es reflete ouso da raz o. Ou seja, o estabelecimento de repert rios adaptativosseriam moldados pelas emo es e a sele o de comportamentos nofuturo determinados pela raz primeira parte do livro apresenta casos intrigantes de pessoascom les es cerebrais. Um deles o de de Phineas Gage que em 1848,409 Resenhateve a parte frontal do seu c rebro traspassada por uma barra de ferroe espantosamente n o veio a falecer. Entretanto, depois deste acidenteGage passou a se comportar de uma maneira estranha. Ele que erauma pessoa respons vel e trabalhadora, tornou-se imprevis vel e comuma grande dificuldade em tomar decis es. Apesar disso, o seuracioc nio l gico, a sua mem ria consciente e habilidades ling sticasencontravam-se normais.

5 Outros casos posteriores que tamb mapresentavam les es do c rtex frontal demonstravam uma incapaci-dade em tomar decis es. Uma an lise neuropsicol gica desses paci-entes indicou uma baixa reatividade emocional. A partir desta obser-va o o autor sugere o d ficit no comportamento emocional comocausa da dificuldade em tomar decis es racionais. Segundo ele, a raz o,por si s , n o sabe quando come ar ou parar de avaliar custos e bene-f cios para uma tomada de decis o. o quadro referencial das nossasemo es que seleciona as op ponto s o feitos questionamentos sobre a influ ncia dasemo es na tomada de decis es, algo que nos parece t o que no momento de decidir a emo o que determina a resposta?Pode haver um comportamento puramente racional sem a influ nciada emo o?Com essas quest es levantadas, Dam sio passa a apresentar umas rie de argumentos an tomo-fisiol gicos sobre a forma o e processa-mento de imagens no c rebro e defende que o nosso racioc nio feitode seq ncias ordenadas de imagens.

6 Esses dados apontam para uma ntima rela o entre as estruturas cerebrais envolvidas na g nese e naexpress o das emo es (o sistema l mbico) e reas do c rtex cerebralligadas tomada de decis es (ex. c rtex frontal).A partir deste ponto Dam sio introduz a hip tese do marcadorsom tico, um dos objetivos centrais do livro. Esta hip tese umaelabora o neuropsicol gica da teoria da emo o de William James(1884). Segundo Dam sio, existem emo es prim rias e secund riase sentimentos associados s emo es. As emo es prim rias envol-veriam disposi es inatas para responder a certas classes de est mulo,controladas pelo sistema l mbico. As emo es secund rias seriamaprendidas e envolveriam categoriza es de representa es de410 Resenhaest mulos, associadas a respostas passadas, avaliadas como boas ouruins.

7 As estruturas do c rtex cerebral seriam o substrato neural dasemo es secund rias, mas a express o dessas emo es tamb menvolveria as estruturas do sistema l mbico. Apesar desta interrela o,essas duas formas de emo o s o distintas. Isto evidenciado, porexemplo, pelo fato de um sorriso espont neo ser diferente sentimentos seriam a experi ncia de tais mudan as associadas s imagens mentais da situa o. Desta forma, a emo o esta intima-mente associada mem ria; ou seja, ao contexto em que adquiridana experi ncia evid ncias mostrando uma sobreposi o dos substratosneurais subjacentes mem ria e emo o2. Esta hip tese tem sidosustentada por experimentos conduzidos por Dam sio e colaboradoresdemonstrando que pacientes com les es do c rtex frontal apresentamcorrelatos neurovegetativos quando experenciam uma emo o prim -ria.

8 Entretanto, eles n o conseguem responder a imagens aterrorizantes,mesmo quando sabem que essas imagens deveriam pertub -los. Maisintrigante ainda foi o resultado de experimentos em que esses pacientesdemonstraram ser incapazes de se comportar racionalmente numa si-tua o de jogo de apostas, terminando com perdas enormes de di-nheiro. Ou seja, uma falha no julgamento de a es adequadas comrela o ao conseguinte, pessoas com d ficits na integra o das fun essubjacentes ao c rtex frontal e ao sistema l mbico s o incapazes deemo es secund rias, ou de aprendizagem emocional. Uma das con-tribui es importantes de Dam sio e colaboradores tem sido revelaralguns dos substratos neurais envolvidos na aprendizagem afirmar que para uma vida normal n o suficiente reagiraos desafios do meio ambiente com emo es prim rias.

9 Da mesmaforma, contraprodutivo separar a raz o da emo o. As emo es s ouma parte indispens vel da nossa vida racional. Assim, ao contr riodo que prop e Descartes e mesmo Kant, que o racioc nio deve serfeito de uma forma pura dissociada das emo es, na verdade s o asemo es que permitem o equil brio das nossas decis es. Como o pr -411 Resenhaprio Dam sio sugere, o nico e verdadeiro Kantiano um pacientecom les o no c rtex pr conclus o, o livro de Dam sio emocionante! Uma refer nciaindispens vel para psic logos, neurologistas e todos interessados noestudo do comportamento nciasJames, W. (1884). What is an emotion? Mind, 9, , C., & Graeff, F. G. (Orgs.) (1993). Emotion and Brain Research (vol. 58). Amsterdam: Erro de Descartes: Emo o, Raz o e oC rebro Humano, de Ant nio R. Dam sio(S o Paulo: Companhia das Letras, 1996,ISBN 85-7164-530-2, 336 p ginas, R$26,50 (Tradu o portuguesa do originalDescartes error: Emotion, reason and thehuman brain, Putnan Pub.))

10 Group, 1994,por Dora Vicente e Georgina Segurado).2 Algumas dessas evid ncias est o descritasem: Tomaz & Graeff (1993, p. 216).Carlos Tomaz professor doInstituto de Biologia, Departamen-to de Ci ncias Fisiol gicas e Cen-tro de Primatologia da Universida-de de Bras lia, Laborat rio deNeurobiologia. Endere o para cor-respond ncia: Laborat rio de Neu-robiologia, UNB, C. Postal 04631,70910-900, Bras lia, DF. Lilian G. Giugliano estudante do Curso de Biologiada Universidade de Bras lia ebolsista do programa PET-Biologia/ o autor


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