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Anlise da Estrutura das partes de Claro Enigma (Drummond ...

An lise da Estrutura das partes de Claro Enigma (Drummond) e Mensagem (Fernando Pessoa). Por: Prof. Dr. Jayro Luna 1. Introdu o Publicado em 1951, Claro Enigma marca uma fase da poesia de Carlos Drummond marcada por um transcendentalismo de caracter stica m stico-esot rica. Desdobramento dos ventos espiritualistas que marcaram a produ o po tica do p s-guerra. Nesse desdobramento o pessimismo e o sentimento apocal ptico em rela o aos destinos da civiliza o - marca da fase espiritualista - s o transformados num amalgama de caracter stica hist rico- prof tica com fortes nuan as da literatura portuguesa. Como observa Massaud Mois s: O poeta volta-se para os seus mitos, d raz o ao inato transcendentalismo, colocando-se a par dos grandes poetas do Idioma. N o mais a l rica admira o do pr prio ego, mas o descortino dos arqu tipos. Timbre de vate pico, da estirpe de Cam es e Fernando Pessoa. A M quina do Mundo o enuncia claramente, no seu ar de par dia aOs Lus adas, revisitados por uma imagina o congenial do autor da Ode Mar tima.

Análise da Estrutura das partes de Claro Enigma (Drummond) e Mensagem (Fernando Pessoa) Por: Prof. Dr. Jayro Luna 1. Introdução Publicado em 1951, Claro Enigma marca uma fase da poesia de Carlos Drummond marcada por um

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1 An lise da Estrutura das partes de Claro Enigma (Drummond) e Mensagem (Fernando Pessoa). Por: Prof. Dr. Jayro Luna 1. Introdu o Publicado em 1951, Claro Enigma marca uma fase da poesia de Carlos Drummond marcada por um transcendentalismo de caracter stica m stico-esot rica. Desdobramento dos ventos espiritualistas que marcaram a produ o po tica do p s-guerra. Nesse desdobramento o pessimismo e o sentimento apocal ptico em rela o aos destinos da civiliza o - marca da fase espiritualista - s o transformados num amalgama de caracter stica hist rico- prof tica com fortes nuan as da literatura portuguesa. Como observa Massaud Mois s: O poeta volta-se para os seus mitos, d raz o ao inato transcendentalismo, colocando-se a par dos grandes poetas do Idioma. N o mais a l rica admira o do pr prio ego, mas o descortino dos arqu tipos. Timbre de vate pico, da estirpe de Cam es e Fernando Pessoa. A M quina do Mundo o enuncia claramente, no seu ar de par dia aOs Lus adas, revisitados por uma imagina o congenial do autor da Ode Mar tima.

2 (MOIS S: 1989, p. 347). No aspecto formal Claro Enigma revela uma preocupa o nunca antes demonstrada pelo poeta acerca dos aspectos versificat rios do poema com rela o ao aproveitamento de ritmos e m tricas de car ter cl ssico e parnasiano. Como comenta Francisco Achcar (1993, ). houve quem visse nisso um retrocesso na pr tica modernista do poeta. Outros encontraram ali motivos para falar em amadurecimento de sua poesia. O fato que, como observa 80. Affonso Romano de Sant'Anna, o livro demonstrava um apuro formal at n o visto na poesia drummondiana: A partir de Claro Enigma , significativamente o in cio da explora o mais sistem tica da mem ria, h um aumento de jogo de palavras, trocadilhos, ant teses, ecos, paradoxos, enfim toda uma parafern lia de agudeza y ingenio', que mereceria detalhada descri o. Encarando a vida como um exerc cio-pesquisa-procura, como nos poemas Inqu rito'(..). Procura'(.)

3 E Rel gio do Ros rio'(..) revela essa consci ncia l dica/l cida de quem sabe que nem existir mais do quem exerc cio/ de pesquisar da vida um vago ind cio' . (SANT'ANNA: 1972, p. 211). Ainda acerca da cita o de Affonso Romano de Sant'Anna, destaca-se a import ncia da mem ria que se apresenta tanto como constituinte hist rico, a mem ria como patrim nio hist rico das cidades mineiras e, por outro lado, a mem ria drummondiana acerca das cidades de Minas. Mas o aspecto da divis o do livro de Drummond em uma seq ncia de partes e subpartes n o tem merecido maiores coment rios dos estudiosos do que a de se referir, de forma gen rica, como mais um ndice desse apuro formal. Pois, um aspecto que me parece relevante o fato de citar Fernando Pessoa e Cam es e de se tratar de um livro que evoca a quest o da mem ria de um forma transcendentalista. N o podemos aqui, deixar de lembrar de Mensagem de Fernando Pessoa.

4 Como j observou Carlos Felipe Mois s: Seu plano geral [Mensagem], isto , sua complexa Estrutura o em partes , que se subdividem em se es, 81. que cont m os poemas, foi imposto pelo poeta a um conjunto de composi es preexistentes, s quais esse plano levou a acrescentar outros poemas, ent o especialmente escritos para esse fim. Esse lento e laborioso processo de cria o reflete as oscila es, as d vidas e perplexidades do poeta em rela o alma portuguesa, complexa e heterog nea como a Estrutura da obra.. (MOIS S: 1996, p. 39-40). Um dos aspectos tamb m abordado acerca da complexidade estrutural de Mensagem se refere ao epis dio da troca de nome da obra. Sabemos que em carta a Jo o Gaspar Sim es, de 1932, Pessoa faz refer ncia ao conjunto de poemas que formar o livro Mensagem, mas trata-o pelo t tulo de Portugal . J se observou a rigorosa simetria de n mero de vogais (V) e consoantes (C), bem como a posi o delas nas duas palavras: M E N S A G E M.

5 P O R T U G A L. C V C C V C V C. Pois, partindo de uma intui o observamos que Claro Enigma t o ligado que a quest o hist rica e da mem ria de Minas Gerais, tem com o nome do estado um interessante simetria: C L A R O E N I G M A. M I N A S G E R A I S. Notemos que al m de ter o mesmo n mero de letras as duas palavras dos dois nomes ( Claro e Minas: 5; Enigma e Gerais: 6), ainda existe um igualdade no n mero de vogais e consoantes de cada palavra e que excetuando-se a letra inicial 82. dos dois nomes pr prios, existe sempre uma invers o entre a posi o da consoante e da vogal entre os nomes. fato que estatisticamente pode-se justificar essa semelhan a dentro das possibilidades das coincid ncias, mas o fato que a an lise da Estrutura das partes das duas obras permite uma leitura menos estat stica e mais interpretativa das possibilidades de leitura comparativa e intertextual entre elas. 2. As semelhan as entre as estruturas das partes de Mensagem e Claro Enigma Mensagem um livro constitu do de 44 poemas divididos em 3 partes .

6 A primeira (Bras o) se comp e de 5. subpartes, num total de 17 poemas. sabida a rela o entre essa parte de Mensagem e a forma do bras o de Portugal (campos, castelos, quinas, coroa e timbre). A segunda parte (Mar Portugu s) constitu da de 12 poemas. O astr logo portugu s Paulo Cardoso j fez estudos comparando essas doze partes aos signos do zod aco 1 . A terceira parte ( O Encoberto) tem tr s subpartes, num total de 13 poemas. Por sua vez, Claro Enigma se comp e de 6 partes , num total de 47 poemas. N o tem subpartes, mas tem poemas com subdivis es numeradas com significa o pr pria: Contempla o do Banco (3 partes ); Estampas de Vila Rica . (5 partes , inclusive com nomes para cada uma das partes ) e Os Bens e o Sangue (com 8 partes ). Quando comparamos essas duas estruturas alguns elementos comparativos come am a se destacar. Por exemplo, o total de poemas da primeira parte de cada um dos livros, de 1.

7 CARDOSO, Paulo. Mar Portuguez: a mensagem astrol gica de Mensagem. Lisboa, Estampa, 1990. Outra obra de Paulo Cardoso, que complementa seu estudo : Mar Portuguez e a simb lica da Torre de Bel m. Lisboa, Estampa, 1990. 83. fato, Bras o (Mensagem) e Entre o Lobo e o C o ( Claro Enigma ) totalizam 17 poemas cada. E se o Bras o se liga . her ldica portuguesa, inclusive na constru o de suas subpartes, haveria alguma analogia organizadora da primeira parte de Claro Enigma ? O primeiro poema, Dissolu o , nos d um caminho de leitura: Escurece, e n o me seduz / tatear sequer uma l mpada / Pois que aprouve ao dia findar, / aceito a noite. // E. come ela aceito que brote uma ordem der seres / e coisas n o figuradas. Podemos ver a uma refer ncia s constela es do c u? Mas quais constela es? O t tulo dessa parte j cont m as pistas, pois Lobo e C o s o nomes de duas constela es caracter sticas do hemisf rio sul.

8 E o que temos entre essas duas constela es. Partindo do C o Maior at chegar . constela o de Lobo passamos pelas constela es que s o referidas no globo azul da bandeira do Brasil, podemos encontrar ao lado de Lobo as constela es de Escorpi o , Triangulo Austral e um pouco mais adiante o Cruzeiro do Sul e seguindo na dire o de C o Maior . passamos pela longel nea Hydra . Carina ao lado do Cruzeiro do Sul e da Vela , mais ao centro do c u, Octante ; Virgem ao lado da Hydra e por fim C o Menor pouco adiante do C o Menor , tendo entre eles Monoceros comp em esta parte do c u em que se circunscrevem as constela es que formam a bandeira do Brasil. Outro dado num rico coincidente, que as constela es referidas representavam poca da escrita do poema 17 estados, se considerarmos que Escorpi o est um pouco al m de Lobo e que o Distrito Federal (Bras lia) ainda n o existia, e que o Par representado por uma estrela da constela o de Virgem.

9 Ou seja, entre o Lobo e o C o t nhamos exatamente 17 estrelas representando 17 estados. Em Ingaia Ci ncia o tema celeste parece t o presente quanto em Dissolu o : A Madureza esta terr vel prenda /. 84. que algu m nos d , raptando-nos com ela, / todo sabor gratuito de oferenda / sob a glacialidade de uma Estela, // a madureza v , posto que a venda / interrompa a surpresa, onde se estenda, / e que o mundo converte numa cela. Tamb m em Os animais do Pres pio temos essa refer ncia ( Salve, reino animal: / todo o peso celeste / suportas no teu ermo. ) A grande maioria das constela es recebem nomes de animais reais ou mitol gicos. Em Opaco o poeta parece querer nos falar de sua necessidade de interpretar a carta celeste: Noite. Certo /. muitos s o os astros. / Mas o edif cio / barra-me a vista. // Quis interpret -lo, / Valeu? Hoje / barra-me (h luar) a vista. // Nada escrito no c u, / sei / Mas queria v -lo, / O edif cio barra-me / a vista.

10 O poema Contempla o desta primeira sec o de poemas de Claro Enigma , est dividido em tr s partes (numerados em algarismos romanos), em Mensagem, de Fernando Pessoa, h duas sec es de tr s poemas ( Avisos na parte III-O Encoberto e O Timbre na parte I - Bras o). Nesse poema, a primeira parte elege o cora o e a flor como elementos simb licos ( O Cora o pulverizado range , quem sabe a flor que a se elabora, calc ria, sang nea? ). No primeiro poema de Avisos tamb m o cora o o s mbolo evocado metaforicamente: Este, cujo cora o foi / N o portuguez mas Portugal. A forma et rea e vaga que se consubstancia num homem ou no discurso de um homem parece estar presente no segundo poema de Contempla o do Banco ( Ele seu pr prio irm o, no dia vasto, / Na vasta integra o das formas puras ) e no segundo de Avisos . ( Segundo/Antonio Vieira : No immenso espa o seu de meditar, / Constellado de f rma e de vis o ).


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