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MAQUIAVEL E AS ORIGENS DO PENSAMENTO POLÍTICO …

1. MAQUIAVEL E AS ORIGENS DO PENSAMENTO . POL TICO MODERNO. Edson Bellozo1. INTRODU O. Este pequeno texto busca apresentar alguns aspectos relevantes da vida de um dos autores mais lidos em todos os tempos, cuja import ncia para as Ci ncias Humanas incontest vel, mesmo chegando-se a quase meio s culo de sua morte e da publica o de sua obra mais famosa, O Pr ncipe. Al m dos aspectos da vida e da obra, vale ressaltar tamb m, o contexto hist rico, a efervesc ncia social, cultural e pol tica em que viveu MAQUIAVEL , fazendo surgir s circunst ncias essenciais que notabilizaram este autor, tendo vasta influ ncia mundo afora. As linhas que se seguem n o t m a pretens o de trazer uma an lise profunda do PENSAMENTO de MAQUIAVEL , mas servem como uma introdu o ao PENSAMENTO do mestre florentino e seus aspectos mais relevantes, sobretudo queles que conhecem somente o sentido pejorativo que foi absorvido deste pensador, cuja express o, maquiav lico, acabou se tornando sin nimo de malvadeza, premedita o.

2 1 VIDA E OBRA DE MAQUIAVEL Nicolò Machiavelli (Nicolau Maquiavel) nasceu em Florença, na Itália, em 3 de maio de 1469. Morreu em 1527, aos 58 anos.

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1 1. MAQUIAVEL E AS ORIGENS DO PENSAMENTO . POL TICO MODERNO. Edson Bellozo1. INTRODU O. Este pequeno texto busca apresentar alguns aspectos relevantes da vida de um dos autores mais lidos em todos os tempos, cuja import ncia para as Ci ncias Humanas incontest vel, mesmo chegando-se a quase meio s culo de sua morte e da publica o de sua obra mais famosa, O Pr ncipe. Al m dos aspectos da vida e da obra, vale ressaltar tamb m, o contexto hist rico, a efervesc ncia social, cultural e pol tica em que viveu MAQUIAVEL , fazendo surgir s circunst ncias essenciais que notabilizaram este autor, tendo vasta influ ncia mundo afora. As linhas que se seguem n o t m a pretens o de trazer uma an lise profunda do PENSAMENTO de MAQUIAVEL , mas servem como uma introdu o ao PENSAMENTO do mestre florentino e seus aspectos mais relevantes, sobretudo queles que conhecem somente o sentido pejorativo que foi absorvido deste pensador, cuja express o, maquiav lico, acabou se tornando sin nimo de malvadeza, premedita o.

2 Isto se deve indubitavelmente s interpreta es equivocadas da obra deste fil sofo, ofuscando muitas vezes a import ncia incontest vel nas diversas reas do conhecimento. Indiferente diversidade de interpreta es, seu PENSAMENTO segue mais vivo do que nunca, o que o torna um autor indispens vel para quem busca melhor entender as muitas faces da pol tica, seja no contexto em que viveu MAQUIAVEL , seja nos acontecimentos que sucederam sob a influ ncia d'O Pr ncipe mundo afora. 1. Mestre em Ci ncias Sociais pela Universidade Estadual de Londrina, professor dos departamentos de Servi o Social e Direito da UCP, Faculdades do Centro do Paran . 2. 1 VIDA E OBRA DE MAQUIAVEL . Nicol Machiavelli (Nicolau MAQUIAVEL ) nasceu em Floren a, na It lia, em 3 de maio de 1469. Morreu em 1527, aos 58 anos. Foi um dos mais originais pensadores do renascimento, uma figura brilhante, embora em vida pouco tenha desfrutado deste reconhecimento.

3 A vida de MAQUIAVEL tem como pano de fundo o per odo de maior esplendor cultural de Floren a, do mesmo modo como ocorre o seu r pido decl nio e grande vulnerabilidade, sofrendo com as lutas em torno de sua conquista. Este per odo marcado por grande instabilidade pol tica, por guerras, intrigas e pelo desenvolvimento cultural dos pequenos estados italianos, pela presen a da igreja e a disputa desta, juntamente com Fran a, Espanha, grandes pot ncias da poca, na luta pela hegemonia europ ia. A. constante altern ncia de poder na igreja, com papas se sucedendo entre fam lias rivais bem como suas alian as com, ora aliados, ora inimigos, se reflete diretamente na vida pol tica do pequeno estado florentino. Filho de um advogado renascentista, durante sua vida viu florescer a cultura e o poder pol tico de Floren a, sob a dire o pol tica de Louren o de Medici, o Magn fico.

4 Veria tamb m o crep sculo do poder da cidade quando o filho de Louren o e seu sucessor, Piero de Medici, foi expulso pelo monge dominicano Savonarola, criador da Rep blica Florentina. Savonarola, defensor da reforma da Igreja, foi tamb m expulso do poder e queimado. MAQUIAVEL serviu na administra o da Rep blica de Floren a, de 1498 a 1512, na segunda Chancelaria, tendo substitu do Adriani, e como secret rio do Conselho dos Dez da Guerra (Dieci di Libert et Pace), a institui o que na Signoria tratava da guerra e da diplomacia. Tornou-se um conhecedor profundo dos mecanismos pol ticos e viajou incessantemente participando em vinte e tr s embaixadas a cortes italianas e europ ias, conhecendo v rios dirigentes pol ticos, como Lu s XII de Fran a, o Papa J lio II, o Imperador Maximiliano I, e C sar B rgia2.

5 2. NICOLAU MAQUIAVEL . Fil sofo pol tico do s culo XVI. Dispon vel em: Acesso em: 4 mar. 2007. 3. MAQUIAVEL foi secret rio desta nova rep blica, com uma posi o importante e distinta. A rep blica, entretanto, foi esmagada em 1512 pelos espanh is que instalaram de novo os Medici como governantes de Floren a. Em 1500, foi enviado a Fran a onde se encontra com Lu s XII e com o Cardeal de Orle es. A sua miss o mais memor vel, aconteceu em 1502, quando visitou C sar B rgia estabelecido na Romagna. Este encontro foi objeto de um relat rio em 1503, intitulado Descri o da maneira empregada pelo Duque Valentino [C sar B rgia] para matar Vitellozzo Vitelli, Oliverotto da Fermo, Signor Pagolo e o Duque de Gravina, Orsini, no qual descreveu com uma precis o cir rgica os assassinatos pol ticos impetrados pelo filho do Papa Alexandre VI B rgia, explicando detalhadamente a arte pol tica ao principal dirigente de Floren a, o indeciso e temeroso Pietro Soderini.

6 MAQUIAVEL casou em 1502 com Marietta Corsini, com quem teve quatro filhos e duas filhas. Em 1504 regressa a Fran a, e no regresso, inspirado nas suas leituras sobre a Hist ria Romana, apresenta um plano para a reorganiza o das for as militares de Floren a, que aceito. Em 1508 . enviado corte do imperador Maximiliano, estabelecido em Bolzano. Em 1509. dirigiu o pequeno ex rcito miliciano de Floren a para ajudar a libertar Pisa, miss o que foi coroada de sucesso, e em 1510 est de novo na Fran a. Em Agosto de 1512, devido invas o espanhola do territ rio da rep blica, a popula o dep s Soderini e acolheu os M dici. Quando os Medici retomam o governo, MAQUIAVEL trabalha de forma incans vel para obter o reconhecimento da fam lia, e desta forma, pode se dedicar quilo que acreditava ser sua verdadeira voca o: sua devo o aos assuntos do Estado.

7 Neste sentido, parece sua voca o e dever estar acima de quaisquer interesses, seja quem for os detentores do poder. Por ter sido gonfaloneiro3 da Rep blica florentina, visto com desconfian a pelo governo dos Medici, at ser demitido em sete de Novembro de 1512, preso e torturado em 1513, sendo depois exilado propriedade que 3. Golfaloneiro (de gonfalonieri) era uma fun o muito prestigiada nas comunas da It lia renacentista e medieval, principalmente em Floren a. O termo deriva da palavra "gonfalone", bandeira ou entandarte das cidades-Estado, no caso de Solderine, era o cargo mais importante ocupo em Floren a. 4. herdara da fam lia, em S o Casciano. No retiro for ado, tenta ardorosamente voltar s gra as da fam lia que ocupa o poder, sendo deste per odo as mais importantes obras, como: Os discursos sobre a primeira d cada de Tito L vio e O Pr ncipe.

8 Com exce o de algumas nomea es para postos tempor rios e de pouca import ncia, em que se conta em 1526 uma comiss o do Papa Clemente VII para inspecionar as muralhas de Floren a, e do seu amigo Francesco Guicciardini, comiss rio Papal da Guerra na Lombardia, que o empregou em duas pequenas miss es diplom ticas, passou a dedicar-se . escrita, vivendo em San Casciano, a alguns quil metros de Floren a. Em maio de 1527, tendo os M dici sido expulsos de Floren a, novamente tentou reocupar o seu lugar na Chancelaria, mas o posto foi-lhe recusado devido reputa o que O Pr ncipe j lhe tinha granjeado. Pouco tempo depois morreu, depois dos saques Roma. Duas das obras de MAQUIAVEL foram publicadas em vida, La Mandragola (A Mandr gora), de 1515, publicada em 1524, um grande sucesso na poca, ainda hoje considerada uma das mais brilhantes com dias italianas, e o tratado Arte della guerra (A Arte da Guerra), de 1519-1520, que tem como cen rio as reuni es intelectuais dos Ortii Oricellari (Jardins de Rucellai), local onde se reunia a Academia Florentina e onde tinha sido colocada a estatu ria retirada aos M dici.

9 Foi neste cen rio que Nicolau MAQUIAVEL leu uma vers o dos seus Discorsi sopra la prime deca di Tito Livio (Discursos sobra a primeira d cada de Tito L vio), escritos em 1517 e publicados em 1531. As suas outras obras incluem a Vita di Castruccio Castracani (1520), um condottieri que governou Lucca de 1316 a 1328, uma Istorie Fiorentine (escrita entre 1520 e 1525), as com dias Clizia (escrita por volta de 1524) e Andria, o conto Belfagor, e a sua mais conhecida obra Il Principe (O Pr ncipe) escrito 1513 e publicado em 1531. Tanto nos Discursos quanto em O Pr ncipe, aparecem o que alguns int rpretes de sua abra chamam de um novo paradigma na vis o que separa a pol tica da tica, de acordo com a tradi o ocidental utilizadas at ent o. Um modo de ver a pol tica ligada a termos claros e espec ficos, certo e errado.

10 A. 5. moral usada como par metro da a o humana, de acordo com esta percep o tamb m se fazia presente na analise da a o pol tica. Sem o recurso a tica ou moral, MAQUIAVEL o primeiro a discutir a pol tica e os fen menos sociais, podendo-se apregoar ao pensador florentino tamb m o pioneirismo na utiliza o do m todo cient fico de Arist teles e de Averr is pol tica, observando os fen menos pol ticos atrav s da leitura de tudo aquilo que havia sobre o assunto e os descrevendo a seu pr prio tempo .4. Deliberadamente distancia-se dos tratados sistem ticos da escol stica medieval' e, semelhan a dos renascentistas preocupados em fundar uma nova ci ncia f sica, rompe com o PENSAMENTO anterior, atrav s da defesa do m todo da investiga o emp rica5 . O aspecto fundamental da pol tica nada tinha a ver com religi o ou moral, a menos que estes aspectos fossem essenciais manuten o do poder.


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