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1 465 Feeding practices and factors associated with early introduction of complementary feeding of children aged under six months in the northwest region of Goi nia, BrazilArtigooriginAlPr ticas alimentares e fatores associados introdu o precoce da alimenta o complementar entre crian as menores de seis meses na regi o noroeste de Goi nia*Endere o para correspond ncia: Raquel Machado Schincaglia Rua 227, s/n, Quadra 68, Setor Leste Universit rio, Goi nia-GO, Brasil. CEP: 74605-080E-mail: Machado SchincagliaUniversidade Federal de Goi s, Faculdade de Nutri o, Goi nia-GO, BrasilAmanda Cristine de OliveiraUniversidade Federal de Goi s, Hospital das Cl nicas, Goi nia-GO, BrasilLucilene Maria de SousaUniversidade Federal de Goi s, Faculdade de Nutri o, Goi nia-GO, BrasilKarine Anusca MartinsUniversidade Federal de Goi s, Faculdade de Nutri o, Goi nia-GO, BrasilResumoObjetivo: analisar as pr ticas alimentares e fatores associados introdu o precoce da alimenta o complementar entre crian as menores de seis meses, nascidas em maternidade na regi o noroeste de Goi nia, Goi s, Brasil.
2 M todos: estudo transversal, realizado de agosto de 2005 a fevereiro de 2007; investigou-se a introdu o precoce da alimenta o complementar e fatores sociodemogr ficos, gestacionais, maternos, relativos crian a e consumo alimentar; foram estimadas raz es de preval ncia (RP) e intervalos de confian a de 95% (IC95%), por regress o de Poisson com ajuste robusto de vari ncia. Resultados: foram avaliadas 362 crian as, das quais 95,3% receberam precocemente gua (77,5%), frutas (62,7%), sucos (57,2%) e comida de sal (55,1%); ap s an lise ajustada, encontrou-se maior preval ncia do desfecho nas crian as de m es fumantes (RP=1,02; IC95% 1,01;1,04), enquanto essa preval ncia foi menor em prim paras (RP=0,97; IC95% 0,95;0,99). Conclus o: a preval ncia da introdu o precoce da alimenta o complementar foi elevada, associada a fatores ambientais e gestacionais. Palavras-chave: Lactente; Aleitamento Materno; Alimenta o Complementar; Sa de Materno-Infantil; Estudos Transversais.
3 AbstractObjective: to analyze feeding practices and factors associated with early introduction of complementary feeding of children aged under six months born in a maternity hospital in the northwest region of Goi nia, Goi s, Brazil. Methods: cross-sectional study conducted between August/2005 and February/2007; early introduction of complementary feeding was investigated (outcome of interest) and possible associated factors (sociodemographic, maternal, pregnancy, child-related and food consumption variables); the prevalence ratio was determined using a Poisson regression model with robust adjustment of variance. Results: 362 children aged under six months were assessed and it was found that of children received water ( ), fruit ( ), juices ( ), and savoury food ( ) early; after adjusted analysis outcome prevalence was higher among children of mothers who smoked (PR= ; CI95%: ; ) and lower in primiparous mothers (PR= ; CI95%: ; ). Conclusion: prevalence of early introduction of complementary feeding was high and associated with environmental and gestational words: Infant; Breast Feeding; Supplementary Feeding; Maternal and Child Health; Cross-Sectional : Serv.
4 Sa de, Bras lia, 24(3):465-474, jul-set 2015* Esse artigo produto da monografia de Raquel Machado Schincaglia e Amanda Cristine de Oliveira, intitulada Caracteriza o da alimenta o de crian as menores de seis meses nascidas na maternidade nascer cidad o em Goi nia, Goi s , defendida junto Faculdade de Nutri o da Universidade Federal de Goi s em estudo recebeu apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient fico e Tecnol gico/Minist rio da Ci ncia, Tecnologia e Inova o (CNPq/MCTI) e do Minist rio da Sa de Processo no 505759/2004-7 , al m do Centro Colaborador em Alimenta o e Nutri o da Regi o Centro-Oeste (CECAN-RCO)/Minist rio da Sa oEntre os aspectos que interferem na sa de da crian a, destacam-se a alimenta o e a nutri o. O aleitamento materno exclusivo (AME) at os seis meses de idade, com inser o gradativa de alimentos complementares ap s esse per odo, uma recomenda o da Organiza o Mundial da Sa de (OMS).1 O aleitamento materno configura-se como elemento essencial para (i) garantir o crescimento e o desenvol-vimento psicol gico e motor adequados, (ii) atender as necessidades nutricionais da crian a, (iii) propiciar fatores de promo o e prote o para a sa de materno--infantil, (iv) reduzir a morbimortalidade na primeira inf ncia, (v) aumentar o v nculo afetivo e (vi)
5 Reduzir o disp ndio Quando a amamenta o realizada na primeira hora ap s o parto, pode diminuir consideravelmente os riscos de mortes neonatais, o que representa um indicador de excel ncia dessa pr ,5 A transi o entre o aleitamento materno exclusivo e a introdu o de alimentos variados na alimenta o da crian a pode trazer intercorr ncias, principalmente quando a oferta realizada antes do completo desenvolvimento fisiol O in cio da alimenta o complementar precocemente, ou seja, anteriormente ao sexto m s de vida da crian a,2 relaciona-se ao aumento de risco e da frequ ncia de infec es gastrointestinais, devido diminui o dos fa-tores protetores do leite materno e introdu o de gua e alimentos contaminados. Nesse per odo, a diarreia tem sua frequ ncia aumentada e pode propiciar a desnutri- o, comprometendo o sistema imunol gico. O lactente desnutrido torna-se mais suscept vel a adquirir outras enfermidades, estabelecendo-se um ciclo de desnutri o e infec o que aumenta a mortalidade Dados da II Pesquisa de Preval ncia de Aleitamento Materno nas Capitais Brasileiras e no Distrito Federal 8 revelaram mudan as positivas na preval ncia de AME em crian as menores de quatro meses: na macrorregi o Centro-Oeste, de 40,8 para 55,1%, e no munic pio de Goi nia, capital do estado de Goi s, de 23,7 para 41,2%, no per odo de 1999 a 2008.
6 Tal condi o, todavia, encontra-se muito aqu m da recomenda o dos rg os ,2 Somando -se a isto, destaca-se tamb m a introdu o precoce de gua, ch s, sucos e comida de sal, logo no primeiro m s de objetivo deste trabalho foi analisar as pr ticas alimentares e fatores associados introdu o precoce da alimenta o complementar entre crian as menores de seis meses nascidas em maternidade na regi o noroeste de Goi nia-GO, todosTrata-se de estudo transversal, aninhado a uma co-orte: fatores determinantes da dura o do aleitamento materno na regi o noroeste de Goi nia . Ou seja, os resultados apresentados no presente trabalho prov m de recorte estudo foi conduzido entre agosto de 2005 e feve-reiro de 2007. Neste per odo, o n mero de habitantes de Goi nia era estimado em Destes, 10,0%, aproximadamente, residiam na regi o noroeste, loca-lizada a 18 km do centro da cidade e representada por uma popula o de baixo poder aquisitivo. Destaca-se, como crit rio para a escolha do noroeste do munic -pio como objeto do presente estudo, o fato de contar com uma nica maternidade p blica certificada como Hospital Amigo da Crian a , respons vel pelo atendimento da maioria das gestantes moradoras da regi o e reas de abrang O tamanho amostral total do projeto matriz, datado de 2004, foi calculado assumindo-se o n mero de nascidos vivos na regi o, segundo o Sistema de Informa es sobre Nascidos Vivos (Sinasc), uma preval ncia de aleitamento materno exclusivo aos 30 dias de 27,0%,10 n vel de signific ncia ( ) de 5,0%, margem de erro de 2,5 pontos percentuais, intervalo de confian a de 95,0% (IC95%) e perda prevista para estudo longitudinal de 30,0%, totalizando 362 rec m-nascidos de ambos os o convite s m es para participarem do estudo considerando-se a ordem de interna o para o parto.
7 Foram inclu das crian as nascidas vivas a termo, de m es que residiam na regi o noroeste de Goi nia-GO. Foram exclu das m es com complica es obst tricas na gesta o e/ou parto ou de partos gemelares, al m daquelas com problemas de sa de que impedissem Introdu o precoce da alimenta o complementar Epidemiol. Serv. Sa de, Bras lia, 24(3):465-474, jul-set 2015O in cio da alimenta o complementar precocemente, ou seja, anteriormente ao sexto m s de vida da crian a, relaciona-se ao aumento de risco e da frequ ncia de infec es Raquel Machado Schincaglia e colaboradoresEpidemiol. Serv. Sa de, Bras lia, 24(3):465-474, jul-set 2015ou dificultassem a amamenta o. M e e crian a foram acompanhadas no domic lio aos 30, 120 e 180 dias de vida da crian a ou at a interrup o da amamenta o. Para realiza o deste estudo, as m es foram entrevistadas mediante aplica o de um question rio padronizado exclusivamente para a pesquisa, constitu do de quest es Foram investigadas as seguintes vari veis: Sociodemogr ficas -renda per capita mensal (em sal rio m nimo: <0,5; 0,5 a 1,0; >1,0); e -sexo (masculino ou feminino);Maternas -fumante e/ou etilista ap s o parto (sim ou n o; foram consideradas fumantes e/ou etilistas as m es que consumiram tabaco e/ou bebidas alco licas ap s o parto em qualquer quantidade); -idade (em anos: <20; 20 a 35; >35); -situa o conjugal (com ou sem companheiro); -escolaridade (em anos de estudo: 4; 5 a 8; 9 a 12; 12); e -ocupa o (trabalhava fora ou em casa); Gestacionais -fumante e/ou etilista durante a gesta o (sim ou n o; foram consideradas fumantes e/ou etilistas as m es que consumiram tabaco e/ou bebidas alco -licas durante a gesta o em qualquer quantidade); -primiparidade (sim ou n o).
8 -realiza o de pr -natal, (sim [para qualquer n mero de consultas] ou n o); -recebimento de informa es sobre alimenta o infantil durante o pr -natal (sim ou n o); -intervalo intergestacional (<24 ou 24 meses); e -tipo de parto (vaginal ou cesariana); Relativas crian a -baixo peso ao nascer (sim [<2500 g] ou n o [ 2500 g]); -uso de chupeta (sim ou n o); e -uso de mamadeira (sim ou n o); e Alimentos consumidos - gua, ch , suco, fruta, leite, mingau e comida de desfecho do estudo foi a introdu o de qual-quer alimento/bebida que n o o leite materno em idade inferior a seis meses. Para tanto, adotou-se as defini es da Organiza o Mundial da Sa de11 e do Minist rio da Sa de do Brasil8 para (i) aleitamento materno exclusivo AME , condi o na qual a crian a recebe apenas o leite humano, sem outros l quidos ou alimentos semi-s lidos ou s lidos, excetuando medicamentos, (ii) aleitamento materno AM , condi o na qual a crian a recebe leite materno e outros alimentos, e (iii) desmame interrup o total do aleitamento dados foram digitados no programa Microsoft Excel 2007.
9 Inicialmente, as vari veis foram expressas em frequ ncias e/ou m dia e desvio-padr o. As esti-mativas das raz es de preval ncia (RP) e intervalos de confian a de 95% IC95% foram obtidas por meio de um modelo de regress o bruta e ajustada, por regress o de Poisson com ajuste robusto de vari ncia e sele o hierarquizada de vari veis explanat rias (Figura 1). O modelo hierarquizado deste estudo, apresentado na Figura 1, foi realizado conforme proposto por Victora e colaboradores,12 em que as vari veis estu-dadas foram alocadas em tr s blocos: distal; medial, em dois n veis; e proximal. No ajuste do modelo, as vari veis que apresentaram p<0,20 na an lise bruta foram inseridas na an lise ajustada, do bloco distal para o proximal, na ordem crescente da magnitude de associa o com o desfecho. Na an lise m ltipla, as vari veis que apresentaram p<0,10 na etapa de entrada permaneceram no modelo at o final, mes-mo que tenham perdido sua signific ncia em etapas posteriores e sido consideradas significativas as que apresentaram p<0,05.
10 Para tanto, foi utilizado o programa estat stico Stata vers o estudo foi aprovado pelo Comit de tica em pesquisa da Universidade Federal de Goi s: Protocolo no 054/2004. Todas as m es assinaram o Termo de Consentimento Livre e convidadas 397 pu rperas para participa o no estudo. Houve 31 recusas maternas, tr s exclus es por endere o fora da rea de abrang ncia e uma por preenchimento incompleto do formul rio, totalizan-do 362 crian as. A amostra apresentou quantidade ligeiramente maior de crian as do sexo masculino e a maioria das fam lias participantes detinham renda per capita menor que um sal rio m nimo (Tabela 1). 468A m dia de idade materna foi de 23,3 anos (desvio--padr o: 5,2), sendo que a maioria encontrava-se entre 20 e 35 anos de idade e havia estudado oito anos ou menos. Quanto ocupa o materna, 78,0% n o trabalhavam fora do lar e 79,1% coabitavam com o companheiro (Tabela 1). Aproximadamente quatro em cada cinco m es relataram n o fazer uso de bebida alco lica ou tabaco em qualquer quantidade durante a gesta o e nos primeiros seis meses de vida da crian a (Tabela 1).