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Auto-estima, autoconfiança e responsabilidade 1

Auto-estima, autoconfian a e responsabilidade1 H LIO JOS GUILHARDI Instituto de An lise de Comportamento2 e Instituto de Terapia por Conting ncias de Refor amento Os tr s termos do t tulo referem se a sentimentos. Com certeza, qualquer pai ou m e desejar que seu filho tenha auto-estima, seja autoconfiante, tenha responsabilidade , pois s o todos sentimentos associados maturidade e felicidade de uma pessoa. Ter todas essas qualidades significa estar harmoniosamente integrado ao contexto de vida familiar, escolar, profissional e afetivo. O que mais um pai pode querer para seu filho? (Os tr s sub-t tulos que se seguem s o conceituais e podem ser pulados sem preju zo da compreens o do texto. O leitor interessado apenas na parte pr tica do tema pode come ar pelo sub-t tulo Auto-estima). A natureza dos sentimentos Muita gente imagina que os sentimentos s o fen menos mentais, abstratos, que ficam armazenados dentro de algum lugar oculto da mente humana: quando alguma coisa externa os evoca, eles saem de seu reduto e se expressam publicamente.

A comunidade social e verbal (pais, professores, amigos etc.) em que a pessoa está inserida é quem ensina seus membros (filhos, alunos, amigos etc.) a usar palavras para se referir a esses estados ou manifestações corporais, e tais palavras são os nomes de sentimentos: alegria, raiva, ansiedade, medo, auto-estima, responsabilidade são

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1 Auto-estima, autoconfian a e responsabilidade1 H LIO JOS GUILHARDI Instituto de An lise de Comportamento2 e Instituto de Terapia por Conting ncias de Refor amento Os tr s termos do t tulo referem se a sentimentos. Com certeza, qualquer pai ou m e desejar que seu filho tenha auto-estima, seja autoconfiante, tenha responsabilidade , pois s o todos sentimentos associados maturidade e felicidade de uma pessoa. Ter todas essas qualidades significa estar harmoniosamente integrado ao contexto de vida familiar, escolar, profissional e afetivo. O que mais um pai pode querer para seu filho? (Os tr s sub-t tulos que se seguem s o conceituais e podem ser pulados sem preju zo da compreens o do texto. O leitor interessado apenas na parte pr tica do tema pode come ar pelo sub-t tulo Auto-estima). A natureza dos sentimentos Muita gente imagina que os sentimentos s o fen menos mentais, abstratos, que ficam armazenados dentro de algum lugar oculto da mente humana: quando alguma coisa externa os evoca, eles saem de seu reduto e se expressam publicamente.

2 Assim, segundo essa concep o, se algum fato provoca uma irrita o na pessoa, a raiva, at ent o acomodada, aparece atrav s de gestos de agressividade, palavras rudes etc. Da mesma maneira, se algu m perde uma pessoa querida, a tristeza, at ent o silenciosa em seu ninho mental, aparece e se mostra na forma de choro, lembran as dos momentos vividos com a pessoa amada A concep o moderna que a Psicologia tem a respeito dos sentimentos bem diferente da vis o tradicional exposta no par grafo acima. Os sentimentos n o s o entidades mentais e abstratas, mas sim manifesta es corporais, concretas, do organismo. Neste sentido, ent o, n o h sentimentos sem uma manifesta o corporal correspondente. Assim, por exemplo, quando uma pessoa est ansiosa, ela tem altera es no ritmo de batimentos card acos, na freq ncia respirat ria, na press o 1 Texto publicado em: Comportamento Humano Tudo (ou quase tudo) que voc precisa saber para viver melhor.

3 Orgs.: Maria Zilah da Silva Brand o, Fatima Cristina de Souza Conte, Solange Maria B. Mezzaroba. Santo Andr , SP: ESETec Editores Associados, 2002. 2 Agrade o a Eloisa Piazzon, Lilian de Medeiros, Noreen Aguirre e Patr cia Queiroz pelos coment rios feitos durante a prepara o do texto. 2 sang nea etc. Da mesma forma, na alegria h mudan as no funcionamento do corpo: os batimentos card acos, a sudorese, o ritmo respirat rio etc. tamb m se alteram. Os sentimentos incluem, al m das manifesta es do funcionamento interno do corpo acima exemplificadas chamadas de respostas respondentes ou auton micas, outras manifesta es da pessoa, chamadas de operantes ou volunt rias, tais como: falar, gesticular, gritar, bater, aplaudir, abra ar, escrever poesias, telefonar, enviar bilhetes, correr, empurrar etc. H componentes corporais respondentes e operantes nos sentimentos e nas emo es. O corpo age, o corpo expressa, o corpo fala e, assim, ele manifesta os sentimentos.

4 A comunidade social e verbal (pais, professores, amigos etc.) em que a pessoa est inserida quem ensina seus membros (filhos, alunos, amigos etc.) a usar palavras para se referir a esses estados ou manifesta es corporais, e tais palavras s o os nomes de sentimentos: alegria, raiva, ansiedade, medo, auto-estima, responsabilidade s o exemplos ilustrativos. Assim, se uma crian a corre atr s do seu cachorro, d -lhe um chute, fica vermelha, chama-o de feio , porque o cachorro n o quer atender a uma ordem sua, a m e, que testemunha essa cena, pode dizer para o filho: Por que voc est com raiva do Pitoco, ele est cansado, coitadinho. A m e, desta maneira, usou a palavra raiva para nomear todas essas manifesta es do filho. dessa forma que a crian a aprende o que raiva. O mesmo procedimento ensinaria uma crian a a nomear tristeza, saudades Por outro lado, uma m e que observa seu filho correndo atr s de uma bola, chutando essa bola, dizendo uns palavr es porque a bola bateu na trave, n o diria que seu filho est com raiva da bola, mas diria que ele tem paix o por futebol.

5 Comparando o cachorro com a bola, descobrimos ent o mais um elemento essencial para a compreens o da natureza do sentimento: h necessidade de conhecer o contexto em rela o a que a pessoa se comporta para ent o, e s ent o, ser poss vel nomear o sentimento. Se os pais observarem, exclusivamente, as rea es do seu filho, quer os respondentes (batimentos card acos, rubor da face) quer os operantes (o que ela faz e diz), sem conhecerem o contexto em que tais rea es ocorrem, n o poss vel dar nomes ao sentimento com seguran a. Diante do exposto, os sentimentos de auto-estima, de autoconfian a e de responsabilidade n o s o manifesta es da mente do indiv duo, mas s o estados corporais associados com eventos ambientais sociais ou f sicos que os desencadeiam. Assim, ser comum ouvir das pessoas frases sobre seu corpo relacionadas com os sentimentos apontados: Sinto-me travado, n o consigo seguir uma dire o (excesso de racionalidade); Estou inquieto, n o consigo dormir, penso o tempo todo em meus compromissos (excesso de responsabilidade ); Sempre que me perguntam alguma coisa acho que vou errar, fico suando nas m os, fico vermelho, come o a gaguejar (falta de autoconfian a); Sinto-me incomodado quando nego alguma coisa para algu m; um desconforto que n o sei explicar; prefiro concordar, mesmo n o achando que o certo, porque a me alivio (baixa auto-estima).

6 N o h sentimento sem manifesta o corporal, no entanto, as pessoas precisam ser ensinadas pelo meio social que as cerca (pais, professores, amigos etc.) a detectar os sinais do corpo. A discrimina o de tais sinais n o ocorre espontaneamente; tem que ser aprendida. 3 Conclus o sobre a natureza dos sentimentos. Os sentimentos s o manifesta es corporais que ocorrem na intera o entre a pessoa e seu ambiente f sico ou social e que recebem um nome arbitr rio, convencionado pelo grupo social com que a pessoa vive. A fun o dos sentimentos comum a concep o de que os sentimentos t m uma fun o causal ou explicativa. Assim, bateu no colega de classe porque estava com raiva dele; fugiu correndo porque estava com medo; fala o tempo todo da namorada porque sente saudade dela Nas frases usadas como exemplos, a raiva foi a causa da agress o, o medo foi a causa da fuga, e a saudade for a causa das conversas sobre a namorada.

7 A fun o causal dos sentimentos, embora seja popularmente aceita sem cr tica, incorreta e esbarra em dificuldades l gicas e pr ticas fundamentais. Assim, se a raiva causa os comportamentos de bater no colega, ent o, o que causa a raiva? Supor que a raiva (bem como o medo e a saudade) surge espontaneamente e de forma aleat ria, como fun o intr nseca da din mica mental, equivale a assumir que ela n o previs vel, nem control vel. E, quanto a saudade? Ela est dissociada do amor ou ela , por sua vez, produzida por ele? S quem tem amor sente saudades? Neste caso, ter-se-ia uma condi o em que sentimento causa sentimento e a saudade n o seria causa, mas causada. Finalmente, o medo n o poderia ser dominado. Do ponto de vista pr tico, qual seria, ent o, a fun o do terapeuta? Que instrumentos ele poderia usar para influenciar e alterar sentimentos que (pela concep o exposta) seriam as causas das a es e sofrimentos humanos?

8 Se o terapeuta tem algum papel funcional, ent o, os sentimentos humanos seriam influenciados por determinantes externos a eles, fora da mente, advindos do contexto social em que a pessoa est inserida. Mas, propor que os sentimentos s o produzidos por eventos antecedentes e externos a eles, tira-lhes a fun o causal: se eles pr prios s o causados, ent o n o s o causa dos comportamentos. Por outro lado, se o terapeuta n o tem tal papel, ent o, sua fun o indefens vel. A posi o atual da Psicologia retira dos sentimentos a fun o causal que lhes era atribu da. Uma proposta mais compat vel com o que se observa sobre o comportamento humano que ocorrem eventos antecedentes, e estes produzem ao mesmo tempo comportamentos e sentimentos. Assim, o colega de classe pega a borracha de Pedrinho e n o quer devolv -la (evento antecedente); ent o Pedro o empurra, fala alguns palavr es, arranca a borracha da m o do outro (s o os componentes operantes da a o do Pedrinho) e, ao mesmo tempo, sente rea es aut nomas, internas no seu corpo: seu cora o dispara, sua respira o se acelera, fica vermelho etc.

9 (s o os componentes respondentes do corpo de Pedro). O que chamado de raiva toda a intera o descrita: os antecedentes, os comportamentos operantes e os respondentes, pois se n o forem observados todos eles interagindo, n o poss vel conhecer o que ocorreu com Pedro (note que a raiva, segundo esta concep o, n o causa dos atos do menino). Igualmente, a namorada que tem um significado afetivo muito grande para Paulo viajou por um per odo prolongado (evento antecedente); ent o Paulo fala sobre a namorada, escreve-lhe cartas saudosas, telefona com freq ncia (s o os componentes operantes, volunt rios 4 da a o de Paulo) e, ao mesmo tempo, sente rea es aut nomas, internas do seu corpo enquanto fala sobre ela e a v em sua imagina o (s o os componentes respondentes do organismo). Neste caso, igualmente, o que chamado de saudade toda a intera o descrita: os eventos antecedentes, os comportamentos operantes e os respondentes, pois se n o forem observados todos eles interagindo, n o poss vel saber o que ocorreu com Paulo (note que a saudade n o a causa dos comportamentos do namorado).

10 O que foi apresentado nesta se o de fundamental import ncia para o tema do cap tulo porque muito freq ente as pessoas dizerem frases tais como: N o escolhe bem seus namorados ; Ag enta os maus tratos da esposa ; N o defende suas id ias, abre m o daquilo em que acredita porque tem baixa auto-estima. Igualmente: N o toma iniciativas ; N o resolve os problemas de sua vida ; N o bem sucedido na sua profiss o porque lhe falta autoconfian a. Da mesma forma: N o cumpre suas obriga es ; N o honra a palavra empenhada ; Atrasa seus pagamentos porque n o tem responsabilidade . No final da leitura, dever ficar claro que todas as a es humanas sugeridas acima n o s o causadas pelos sentimentos de baixa auto-estima, pela falta de autoconfian a ou pela aus ncia de responsabilidade . Conclus o sobre a fun o dos sentimentos. Os sentimentos n o s o causa das a es das pessoas.


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