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FOLCLORE/CULTURA POPULAR: Aspectos de sua História

FOLCLORE/CULTURA POPULAR: Aspectos de sua Hist riaC scia FradeFalar da hist ria do Folclore, mesmo sucintamente, rastrear a trajet ria dos estudos sobre ele. E neste sentido, chama nossa aten o a revela o de Burke (1989), que afirma ter surgido o interesse pela cultura popular no momento em que ela tendia a desaparecer, sob o impacto da revolu o historiadores do per odo medieval, o que existia antes era a cultura da maioria, transmitida informalmente nos mercados, nas pra as, nas feiras e nas igrejas, aberta portanto a todos. Tanto a nobreza quanto a aristocracia participavam do carnaval e de outras festividades, juntamente com os "n o nobres". Tamb m o clero adotava procedimentos pouco ortodoxos, na celebra o das festas de Santos, usando m scaras, dan ando, cantando, tocando instrumentos no interior das igrejas.

A transformação da própria cultura erudita entre 1500 e 1800, na era da Renascença, da Reforma e Contra-Reforma, da Revolução e do Iluminismo, provocou a

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1 FOLCLORE/CULTURA POPULAR: Aspectos de sua Hist riaC scia FradeFalar da hist ria do Folclore, mesmo sucintamente, rastrear a trajet ria dos estudos sobre ele. E neste sentido, chama nossa aten o a revela o de Burke (1989), que afirma ter surgido o interesse pela cultura popular no momento em que ela tendia a desaparecer, sob o impacto da revolu o historiadores do per odo medieval, o que existia antes era a cultura da maioria, transmitida informalmente nos mercados, nas pra as, nas feiras e nas igrejas, aberta portanto a todos. Tanto a nobreza quanto a aristocracia participavam do carnaval e de outras festividades, juntamente com os "n o nobres". Tamb m o clero adotava procedimentos pouco ortodoxos, na celebra o das festas de Santos, usando m scaras, dan ando, cantando, tocando instrumentos no interior das igrejas.

2 Palha os que freq entavam as tavernas eram tamb m aceitos nas cortes. Muitos curandeiros eram protegidos pelas classes altas, que utilizavam seus servi os devido escassez de m dicos. O gosto pelos romances de cavalaria e pelas can es populares era dividido entre nobres e camponeses. Elite e povo assistiam aos mesmos serm es, gostavam das baladas (g nero liter rio), ouviam contadores de hist rias. Poetas viviam nas cortes e apresentadores tradicionais de destaque recebiam prote o das outro aspecto significativo apontado por medievalistas a aus ncia de simetria nessa intera o. A elite, que aceitava livros populares, festas, etc., n o associava essas pr ticas ao povo: se para a maioria havia uma s cultura , para a minoria havia uma outra tradi o, transmitida formalmente nos liceus e restrita aos que freq entavam estas institui es exclusivas, considerando s ria a tradi o cl ssica, e divers o, a tradi o em fins do s culo XVIII e in cio do XIX que ocorreu a descoberta da cultura popular, sendo definida por oposi o erudita.

3 Esse movimento teve inicio a partir dos registros de Herder e dos irm os Grimm, na Alemanha, estendendo-se para outros pa ses, como R ssia, Su cia, S rvia e Finl ndia, e depois Inglaterra, Fran a, Espanha e It preocupa o inicial foi com a poesia, considerada "da natureza"(os Grimm) ou "divina" (Herder). Posteriormente, esses mesmos pesquisadores passaram a recolher outras formas de literatura, como os contos, as lendas, as narrativas mitol gicas, por ele denominadas "antiguidades populares" ou "literatura popular".A difus o do movimento coincide com a amplia o do interesse. Outros temas, como as festas, as pr ticas religiosas, a m sica vocal e instrumental, usos e costumes do povo, mereceram pesquisas de muitos intelectuais da por oposi o cultura legitimada, a cultura popular foi sendo demarcada a partir de tr s crit rios: o da verdade (conhecimento falso X conhecimento verdadeiro); o da racionalidade (contraposi o de pr ticas aceit veis e coerentes na socie-dade estabelecida); o da conven o (c digo social determinando o que era leg timo ou n o).

4 Embora apresentando roupagens diferenciadas, percebe-se que o objetivo era um nico, qual seja, normatizar, pelos modelos leg timos das sociedades civil e religiosa. As ocorr ncias hist ricas, por m, n o se d o de forma linear. Outros fatos se sucediam, paralela e simultaneamente, relacionados ainda com a demarca o das fronteiras entre conhecimento e ignor transforma o da pr pria cultura erudita entre 1500 e 1800, na era da Renascen a, da Reforma e Contra-Reforma, da Revolu o e do Iluminismo, provocou a concep o de cultura como "algo ex tico e interessante". Para Revel (1989) o estudo da cultura do povo, no in cio do s culo XVIII, se veria repartido entre uma estat stica moral com sentido normativo e o folclorismo rom o advento do movimento positivista no decorrer do s culo XIX, os interesses pela cultura popular eram no sentido de redescobrir os substratos do passado que d o coer ncia a atividade e hist ria humanas.

5 "Arcaico n o significa mais um passado long nquo e degradado, mas uma cadeia que deveria ser compreendia para tornar intelig vel a sociedade", nos revela Burke (1989). Foi com o nome de Folclore que a cultura popular principiou a ser sistematizada e a receber a delimita o dos marcos de suas fronteiras. O termo, um neologismo criado pelo arque logo William John Thoms, surgiu na Inglaterra, em 1846, duas d cadas antes de Edward Tylor introduzir um termo similar, " cultura ", entre os antrop logos de l ngua inglesa. A palavra "Volkslieder", criada por Herder para nomear o conjunto de can es que coletara na Alemanha entre 1744 e 1778, n o atendia proposi o de Thoms, que se referia aos estudos dos "usos e costumes, cerim nias, cren as, romances, supersti es, refr os", conforme declara na sua carta publica-da no jornal londrino "The Atheneum", edi o do dia 22 de agosto de proposi o de Thoms provocou interesse entre cientistas ingleses, como Andrew Lang, George Gomme e Edward Tylor.

6 Com a participa o de Thoms, fundam, em 1978, a "Folklore Society", associa o cient fica que objetivou discutir a abrang ncia do termo. Conclu ram com algumas proposi es: I - narrativas tradicionais (contos, baladas, can es, lendas); II - costumes tradicionais (jogos, festas e ritos consuetudinais); III - supersti es e cren as (bruxarias, astrologia, pr ticas de feiti arias); IV - linguagem popular (nomenclatura, prov rbios, advinhas, refr es, ditos).Esses estudos correntes na Inglaterra v o se estender a outros pa ses da Europa, como a Fran a (onde se destacam Paul Santyves, Arnold Van Gennep, Jean Paul S billot). It lia (com os estudos de Raffaele Corso e Guiseppe Pitr ), B lgica (com Albert Marinus).O movimento europeu chega ao Novo Continente, mais especificamente aos Estados Unidos, em 1888, onde criada a "American Folklore Society", fundada por Franz Boas.

7 Neste pa s, os estudos de folclore foram absorvidos pelas universidades e desenvolveram-se paralelamente antropologia, quase como uma especialidade, gozando de num pa s com popula o eticamente diversificada, a sociedade americana prop s uma adequa o da rea de interesse dos estudos de folclore, estabelecendo quatro categorias principais: a) cantos, cren as, dialetos, etc., cuja import ncia a escola europ ia j apontara; b) o acervo liter rio de oralidade dos negros localizados nos Estados Unidos; c) os usos e costumes presentes entre as popula es do M xico e do Canad franc s; d) contos e mitologia dos ndios norte-americanos (Almeida, 1979).Os ecos desses estudos europeus e americanos chegaram ao Brasil na segunda metade do s culo XIX, liderados por Celso de Magalh es (1849/1879), S lvio Romero (1851/1914) e Jo o Ribeiro (1860/1934).

8 Seguiram-lhe Arthur Ramos (1903/1949), Amadeu Amaral (1875/1929), M rio de Andrade (1893/1945), Renato Almeida (1895/1981) e Edison Carneiro (1912/1972), dentre primeiros estudos no Brasil voltaram-se para a poesia popular. As pesquisas foram inicialmente conduzidas por correntes filos ficas e cient ficas vigentes na Europa e que marcaram poca entre os intelectuais brasileiros. O positivismo e a escala alem , orientada na linha da psicologia (V lkerpsychologie) foram significativas nos estudos dos fatos folcl ricos em nosso pa s. Renato Almeida reagiu s interpreta es psicol gicas e prop s uma aproxima o com a Etnologia ou a Antropologia Cultural. Sugeriu que se estudasse, n o s a literatura, mas tamb m outros Aspectos da vida social, materiais e concretos como as artesanias, as indument rias, os instrumentos musicais, al m das formas de execu o, as coreografias, os componentes rituais, e ainda as considera es econ micas, pol ticas, hist ricas e geogr ficas.

9 Percebe-se ent o que, na concep o de Renato Almeida, no entendimento do folclore deve-se considerar "o comportamento do grupo social onde existe e as formas que revestem o fato", conforme escreveu no seu "A intelig ncia do folclore" (1974). M rio de Andrade fez coro a esta proposta. Buscou interlocu o com as ci ncias sociais e humanas, estruturou um curso de forma o de folcloristas para orientar os trabalhos de campo e criou a Sociedade de Etnografia e Folclore, que organizou um guia classificat rio de folclore e prop s diretrizes para equipar museus de ncias hist ricas favor veis, como a necessidade de alguma forma de atua o organizada nessa rea, j expressas por estudiosos das "tradi es populares" do in cio do s culo e ainda o contexto de p s-guerra, quando a preocupa o com o folclore se ajusta atua o da unesco em prol da paz mundial, estimularam Renato Almeida a assumir a presid ncia do Instituto Brasileiro de Educa o, Ci ncia e cultura (Ibecc), do Minist rio do Exterior e vinculado unesco.

10 Renato criou ent o, em 1946, a Comiss o Nacional de Folclore (cnf) como Comiss o Nacional da pr pria unesco e, a partir de 1947, liderou um grande movimento em todo o territ rio brasileiro. O ide rio desse movimento encontra-se na Carta do Folclore Brasileiro, documento produzido em 1951. Nele se registra a defini o de fato folcl rico, conceito este estabelecido a partir de uma posi o consensual dos folcloristas decorr ncia das grandes transforma es sociais e do avan o das ci ncias nos ltimos dec nios, estudiosos da cultura popular brasileira propuseram uma releitura da Carta de 1951, o que se realizou em Salvador, BA, no ano de 1995, no VIII Congresso Brasileiro de essas ocorr ncias em torno do FOLCLORE/CULTURA popular parece nos revelar, como disse Burke, a exist ncia de um objeto de grande mov ncia, permanentemente estimulando reflex es, debates, encontros e desencontros, configurando um campo pol mico e NCIAS BIBLIOGR FICAS almeida, Renato - A intelig ncia do Folclore.


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